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    tragédia no rio doce

    Mulher de desaparecido quer 'cavar a lama com a mão' para achar o marido

    JOSÉ MARQUES
    DO ENVIADO A MARIANA (MG)
    ESTÊVÃO BERTONI
    DE SÃO PAULO

    09/11/2015 02h00

    "Minha tia quer ir até a barragem cavar a lama com as próprias mãos. Ela está desesperada sem informações", conta Miguel Narkievicius, 30, sobrinho de Sileno Narkievicius de Lima, funcionário da Integral Engenharia desaparecido desde quinta-feira (5).

    Familiares dos operários que estavam na barragem na hora do rompimento reclamam que a Samarco não tem fornecido informações satisfatórias sobre a real situação das buscas.

    Miguel percorreu os 140 km de João Monlevade, onde a família vive, até Mariana atrás de notícias do tio, mas já voltou para casa como tinha saído dela: sem nada saber de novo.

    Kênia, a mulher de Sileno, teve de ficar em casa cuidando da filha que acabara de sair da UTI devido a problemas pulmonares. O casal possui outro filho.

    Sabrina, 18, uma das duas filhas de Daniel Altamiro de Carvalho, funcionário da Integral que operava um trator na obra, conta que a família também sabe muito pouco sobre as buscas na barragem.

    Ela diz que estava na rua com a mãe quando soube do acidente e que partiu delas a iniciativa de ligar para a Integral para saber como Daniel estava. "Ninguém nos avisou nada."

    O presidente da Metabase (sindicato dos trabalhadores de mineração), Ronaldo Bento, afirma que as notícias passadas às famílias são sempre tardias e que não foram providenciados psicólogos e assistentes sociais para elas.

    A técnica de segurança do trabalho Ana Paula Alexandre, 40, mulher do operador de escavadeira Edinaldo Oliveira de Assis, 40, diz que "a espera por informações é cansativa". "Vão passando os dias e a esperança vai indo embora."

    Ela diz torcer para que um dos corpos já encontrados seja do marido. "É melhor encontrá-lo morto do que não encontrá-lo mais."

    A Samarco diz concentrar seus esforços no atendimento às vítimas. A empresa afirma ainda que 44 psicólogos e assistentes sociais estão trabalhando no local.

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