O governador Geraldo Alckmin (PSDB) negou nesta segunda (9) que sua gestão tenha realizado mudança nos dados estatísticos de homicídios dolosos, divulgados mensalmente pela Secretaria da Segurança Pública.
"Não mudou absolutamente nada. É a mesma estatística de 2001. Temos nove indicadores e um deles é o homicídio doloso e quem faz a estatística é a Polícia Civil. Ela é quem estabelece o número de casos de homicídio doloso e divulga. Não houve nenhuma mudança".
Segundo o tucano, os indicadores são baseados nos boletins de ocorrência da Polícia Civil e não têm nada a ver com a corregedoria [da PM]. "Os indicadores são os BOs da Policia Civil e eles não tiveram nenhuma alteração."
A Folha, porém, mantém todas as informações de reportagem desta segunda-feira segundo a qual a gestão Alckmin fez uma manobra estatística para ampliar a queda dos homicídios em São Paulo. A mudança começou em abril, sem aviso. A gestão tucana decidiu excluir do total de homicídios dolosos os ocorridos em legítima defesa cometidos por policiais militares em folga. Com isso, em seis meses, 102 mortes saíram das estatísticas oficiais.
Sobre o número de 102 mortes que saíram da estatística oficial, Alckmin reforçou que a mudança da corregedoria é para efeito da PM e que não tem nada a ver com homicídio doloso e que se trata de um assunto interno da PM. "A corregedoria da PM classificava homicídios nos casos em que os policiais –estando de folga– reagiam a assalto e matavam o bandido. Para efeito de indicadores de homicídios dolosos não houve nenhuma alteração."
"Estão confundindo com a mudança da corregedoria com a estatística de homicídios que é exatamente a mesma. Entenderam errado e a imprensa também erra e, quando erra, deve reconhecer", concluiu o tucano. Questionado se haveria alteração na revisão dos dados estatísticos de homicídios dolosos, o governador não respondeu.
Taxa de homicídios - Por 100 mil habitantes no Estado
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo contestou a reportagem classificando-a como "absolutamente errada". A nota da secretaria reitera argumentos contemplados na edição desta segunda da Folha, quando o jornal noticiou que, ao mudar a metodologia da contagem de homicídios praticados no Estado no boletim divulgado mensalmente, a secretaria obteve uma queda artificial neste tipo de crime de abril para cá.
A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, por exemplo, que segundo o secretário Alexandre de Moraes, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, era de 9,1 em setembro na metodologia atual, na verdade subiria pelo antigo critério para 9,4 –o que equivale a uma alta de 3,3%.
No período de seis meses em que houve a mudança de metodologia, os números divulgados pela gestão Alckmin apontam diminuição de 16,3% dos homicídios na capital e 13,2% no Estado em relação ao mesmo período de 2014. Na prática, no entanto, considerando os critérios adotados nos últimos dez anos, essa queda é de 6,7% e 8,1%, respectivamente.
CASOS DE HOMICÍDIOS DOLOSOS - De abril a setembro
ÍNTEGRA DA NOTA
"A matéria da Folha de S. Paulo cuja manchete é "Manobra da gestão Alckmin diminui homicídios em SP" está absolutamente errada, pois não houve nenhuma alteração na metodologia de contagem de homicídios, desde 2001. Todos os boletins de ocorrência registrados pelo Delegado de Polícia como homicídios sempre foram e continuam sendo contabilizados.
A alteração metodológica que aconteceu na publicação da "Letalidade Policial", realizada pela Corregedoria da Polícia Militar, não acarretou nenhuma alteração na contabilidade dos índices. Isso foi explicado detalhadamente aos jornalistas.
A SSP reitera que absolutamente todos os homicídios constantes em registros pela Polícia Civil, tenham sido praticados por policiais militares ou não, foram contabilizados, pois não houve nenhuma alteração na metodologia da divulgação do número de homicídios, que não tem nenhuma relação com os dados da Corregedoria da Polícia.
QUEDA NOS CASOS DE HOMICÍDIOS, EM % - Entre jan. e set. de 2014 e de 2015