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    Rio de Janeiro

    Corregedoria da PM não vê excesso em ação com dez mortos no Rio em 2013

    BRUNA FANTTI
    DO RIO

    12/11/2015 02h00 - Atualizado às 10h29

    A Corregedoria da Polícia Militar do Rio concluiu, após dois anos, que não houve excessos na operação realizada por agentes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) que resultou na morte de dez pessoas, no Complexo da Maré (zona norte) em junho de 2013.

    O inquérito policial militar foi encerrado antes do esclarecimento das circunstâncias de dois assassinatos e com uma suposta morte em confronto de homem desarmado. A decisão foi publicada nesta quarta-feira (11) no boletim reservado da PM.

    A operação ocorreu na madrugada do dia 25 de junho de 2013, após a morte do sargento do Bope, Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, 42, na avenida Brasil. Ele tentava coibir um arrastão na via quando foi morto por um disparo que partiu da favela Nova Holanda, uma das 17 comunidades do Complexo.

    Em reação, a PM realizou operação na favela que resultou em nove mortes. À época, moradores da Maré e ONGs que atuam nas favelas apontaram abuso policial. O inquérito afirma que o Bope registrou apenas seis autos de resistência (mortos em confronto). A PM não menciona na decisão em que circunstâncias ocorreram outras três mortes.

    Renato Alexandre Mello da Silva, uma das vítimas atribuídas ao Bope, foi morto sem que se tenha encontrado armas junto ao seu corpo. Com sete passagens pela polícia, ele estava num centro de endolação de drogas.
    A conclusão do IPM foi submetida ao comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, que decidiu não haver "elementos comprobatórios que consubstanciem indícios de crime militar ou transgressão da disciplina".

    Pinheiro Neto ocupava, à época da operação a chefia do Estado Maior Operacional da PM. Partiu dele a autorização para a entrada do Bope, batalhão que já comandou, na favela. A PM disse que não vai se posicionar sobre o IPM.

    "UM ABSURDO"

    O presidente da ONG Observatório das Favelas, Jailson de Souza e Silva, criticou o IPM. Ele disse aguardar o inquérito da Polícia Civil. "Só demonstra o grau de corporativismo. Dizer que não houve excesso até na morte de um garçom, morto trabalhando, é um completo absurdo", disse Silva.

    Segundo testemunhas, o garçom Eraldo da Silva, 35, foi morto dentro de um bar enquanto trabalhava. Há um ano, em audiência pública com moradores da Maré, o delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, afirmou que cinco policiais eram suspeitos pela morte do garçom.

    O inquérito militar será encaminhado para o promotor Paulo Roberto Mello da Cunha, da Auditoria Militar. "Pedi urgência na entrega dos autos. Mas não necessariamente tenho que acatar a conclusão. Posso ler e concluir que tem crime militar, sim", afirmou.

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