• Cotidiano

    Sunday, 28-Apr-2024 05:40:32 -03

    Promotoria pedirá esclarecimentos à Sabesp e gestão Alckmin sobre Billings

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    12/11/2015 18h32

    O Ministério Público Estadual pedirá esclarecimentos à gestão Geraldo Alckmin (PSDB) e à Sabesp sobre a captação além do estabelecido em norma pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

    Nesta quinta-feira (12), a Folha mostrou que uma portaria do DAEE impõe limite de 2.190 litros de água por segundo na média anual que a Sabesp pode retirar da Billings para transferir ao sistema Guarapiranga, que abastece mais de 5 milhões de pessoas. Mas, desde janeiro, a empresa tem captado 40% a mais -em torno de 3.800 litros de água por segundo.

    A Sabesp argumenta que ofícios trocado com o DAEE a autorizam a captar mais água, mesmo que esta carta não tenha sido publicada em Diário Oficial e não tenha prazo de vigência claro. Ainda assim, a Sabesp suspendeu pela primeira vez no ano a captação no Taquacetuba.

    Segundo o promotor Marcos Lúcio Barreto, que investiga a qualidade de água distribuída na Grande São Paulo, ele questionará quais foram os procedimentos legais que permitiram que a Sabesp praticamente dobrasse sua captação no córrego Taquacetuba, da Billings.

    "Evidentemente é muito estranho [que uma portaria publicada no Diário Oficial tenha sido suspensa por meio de uma carta]. Por isso queremos saber de que maneira isso se deu e qual a regularidade disso", diz ele. "Ao mesmo tempo, vou questionar se a qualidade da água foi afetada pela captação".

    Segundo especialistas, com um aumento desmedido da captação, cresce também o risco de parte do corpo poluído da Billings seja bombeado para a Guarapiranga.

    Principal produtora de água após a crise hídrica, a represa Guarapiranga abastece hoje as torneiras de bairros das zonas sul, oeste e centro -parte dos quais antes servidos pelo Cantareira, que esteve à beira de um colapso.

    "O risco é de que a água poluída do corpo principal da Billings seja arrastada e captada pelas bombas", diz Carlos Bocuhy, ambientalista.

    "Se houver bombeamento maior do que a capacidade de recomposição de água no braço em questão, poderá haver entrada de água de pior qualidade [vinda do centro da represa]", afirma Carlos Tucci, hidrólogo da Universidade Federal do RS.

    Mapa: Billings x Guarapiranga

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024