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    Protestos de mulheres contra Cunha param centro de São Paulo e Rio

    RONALD LINCOLN JR
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    12/11/2015 19h30

    Centenas de mulheres fizeram protestos em São Paulo e no Rio na noite desta quinta-feira (12) contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e seu Projeto de Lei 5.069, que restringe o direito ao aborto a mulheres vítimas de estupro.

    Em São Paulo, a avenida Paulista, no centro da cidade, foi completamente bloqueada no sentido da Consolação por volta das 19h. Os manifestantes, em sua maioria mulheres, caminhavam com faixas gritando músicas e palavras de ordem. Também foram feitas apresentações artísticas, com a encenação de um aborto em meio à rua da Consolação.

    Segundo as organizadoras, 5.000 pessoas participaram do ato. A PM contabilizou 350 pessoas no protesto.

    O grupo seguiu da avenida Paulista até o largo do Paissandu, onde a manifestação deve ser encerrada por volta das 21h30. O ato é organizado por cerca de 20 coletivos femininos.

    A estudante Luize Tavares, 19, uma das coordenadoras do protesto, diz que o ato é para derrubar o projeto de Cunha. "Não queremos que um direito que já temos seja tirado" afirma.

    Segundo ela é importante que a manifestação de hoje não perca o foco. É a marcha começa a invadir a Paulista, sentido Consolação. Em principio uma faixa de rolamento será ocupada.

    Além dos movimentos feministas, partidos políticos (PSOL e PCO) e um sindicato (Conlutas), participaram do ato.

    Infográfico: Aborto em debate

    RIO DE JANEIRO

    No Rio, a concentração ocorreu em frente ao prédio da Assembleia Legislativa (Alerj), no centro. O grupo, formado em sua maioria por mulheres, exibia faixas e gritava palavras de ordem contra o deputado.

    Em um dos cartazes, aparece a inscrição "meu corpo não é dinheiro na Suíça para ser da sua conta".

    Cunha é alvo de investigações da Justiça desde a descoberta de que mantinha contas bancárias na Suiça com dinheiro de origem suspeita.

    Outro alvo dos protestos foi o secretário-executivo de governo municipal do Rio, Pedro Paulo Carvalho (PMDB-RJ), que admitiu ter agredido sua ex-mulher durante uma briga em 2010.

    Ele é também o candidato escolhido pelo atual prefeito, Eduardo Paes, para as eleições municipais do ano que vem.

    "O Pedro Paulo deveria ser enquadrado na Lei Maria da Penha", afirmou a escriturária Luciana Targino, 45, que participava do protesto. O caso está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República.

    O protesto conta com a presença de movimentos sociais, simpatizantes e representantes de partidos políticos, como Psol, Pstu, Partido Verde (PV) e PT.

    De acordo com as manifestantes, o protesto recebeu cerca de 4.000 pessoas. A polícia não realizou uma estimativa.

    Uma das manifestantes, a jornalista Ellen Paes disse que a restrição ao aborto de mulheres vítimas de estupro é um retrocesso. "As principais vítimas da falta desta política de saúde para mulheres são as negras, mais pobres", declarou.

    O protesto, que seguiu pacífico, se encerrou na praça da Cinelândia, também no centro.

    Reprodução
    Panfleto distribuído em ato em SP com músicas da marcha mundial das mulheres
    Panfleto distribuído em ato em SP com músicas da marcha mundial das mulheres

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