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    Crise da água

    Sabesp tem prejuízo financeiro pela primeira vez na crise hídrica

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    12/11/2015 22h24

    A Sabesp, empresa paulista de saneamento, apresentou prejuízo de R$ 580 milhões em seu faturamento no terceiro trimestre deste ano. Essa é a primeira vez, desde o início da crise hídrica, em que a empresa fechou um trimestre no vermelho. No mesmo período do ano passado, já durante a seca paulista, a empresa havia conseguido um lucro de R$ 91,5 milhões. Os dados foram apresentados na noite desta quinta-feira (12).

    No primeiro e segundo trimestres deste ano, o lucro da empresa havia sido de R$ 477 milhões (50% maior do que na comparação com o ano anterior) e de R$ 302 milhões (queda de 10% em relação ao ano anterior), respectivamente.

    De julho a setembro deste ano, entre os custos e despesas que aumentaram estão justamente os de construção, totalizando R$ 2,6 bilhões, o que é 10% maior do que no ano passado. Um dos principais gastos de uma empresa de saneamento, a energia elétrica, foi 40% maior do que há um ano.

    A empresa também sofreu forte impacto cambial, já que grande parte de suas dívidas estão em moeda estrangeira, que se valorizaram frente ao real.

    A saúde financeira da Sabesp foi fortemente impactada com a crise hídrica já que foi obrigada a diminuir o volume de água vendida para seus clientes. Em um ano, o volume de água vendido variou de 892 bilhões de litros para 841 bilhões de litros. Ou seja, agora, a empresa está vendendo ainda menos água do que há um ano, quando São Paulo já estava em grave crise.

    Outro problema sobre o ponto de vista financeiro para a empresa é que o governo do Estado de São Paulo, que é o controlador da empresa, instituiu um programa de bônus aos clientes que economizassem água. Ou seja, além de vender menos água, a Sabesp passou a vendê-la com desconto para alguns. No meio do caminho, a Sabesp ainda conseguiu dois aumentos de tarifa, mas mesmo assim disse que os reajustes estão abaixo das expectativas da empresa para que saísse de seu "stress financeiro", como dizem os executivos da empresa.

    Além disso, para poder contornar a crise, a empresa tem que contar com recursos próprios para investimentos em obras que estavam programadas para acontecer nos próximos anos. Feitas sob rito emergencial, as obras foram concentradas em um curto espaço de tempo e ficaram mais caras do que previstas.

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