• Cotidiano

    Wednesday, 01-May-2024 12:38:08 -03

    tragédia no rio doce

    Veja perguntas não respondidas pela mineradora sobre a tragédia em MG

    ESTÊVÃO BERTONI
    DE SÃO PAULO

    16/11/2015 17h05

    Mais de dez dias após a tragédia em Mariana (MG), uma série de perguntas sobre o rompimento das barragens da Samarco, empresa de mineração que pertence à brasileira Vale e à anglo-australiana BHP, ainda não foi respondida.

    A ruptura das estruturas, na quinta-feira (5), liberou um tsunami de lama com rejeitos de minério que devastou o subdistrito de Bento Rodrigues, atingiu comunidades em municípios vizinhos, deixou ao menos sete mortos entre funcionários e moradores até o início da tarde desta segunda-feira (16) e poluiu as águas do rio Doce, afetando ao menos nove cidades mineiras.

    Segundo os bombeiros, havia ainda 12 desaparecidos até esta segunda-feira (16).

    Confira abaixo as principais perguntas ainda não respondidas pela Samarco e pelos órgãos de fiscalização ambiental.

    Infográfico: Caminho da lama

    *

    1) Quantos e quais moradores de Bento Rodrigues foram avisados imediatamente após o rompimento da barragem?

    A Samarco diz que avisou moradores do subdistrito de Mariana por telefone, mas não responde quantos telefonemas foram dados nem para quem telefonou. De acordo com a portaria nº 526/2013, do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), é obrigação do empreendedor "alertar a população potencialmente afetada na zona de auto salvamento", conforme "os sistemas de alerta e de avisos constantes no PAEBM (Plano de Ação e Emergência de Barragens de Mineração), de forma rápida e eficaz". A empresa afirma apenas que "cumpriu rigorosamente as diretrizes" do plano, sem especificar que diretrizes são essas nem dar detalhes sobre os sistemas de alerta e aviso.

    2) Por que a Samarco não divulga seu plano de ação e emergência?

    Mais de dez dias após a tragédia, a Samarco não divulgou quais estratégias e procedimentos preventivos e corretivos estavam estipulados em seu plano de ação e emergência. Segundo a empresa, "o Plano de Ação Emergencial de Barragens de Mineração é um documento interno, disponibilizado apenas às autoridades competentes, conforme prevê a legislação".

    3) Quais obras de reparo já estavam sendo feitas e quem produziu as auditorias externas na obra?

    Uma avaliação de estabilidade produzida neste ano, por profissionais contratados pela Samarco, recomendava reparação de trincas e recomposição de canaletas, entre outras medidas. As obras deveriam se iniciar em 10 de setembro. Questionada, a mineradora não informa quais recomendações já estavam sendo executadas. A Samarco também não revela quem elaborou a auditoria. "A auditoria técnica foi realizada por empresa especializada e todas as recomendações estão dentro do prazo de execução determinado", afirmou, em resposta por e-mail à reportagem.

    4) Os tremores registrados na região podem ter agravado problemas já existentes?

    Segundo o Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo), seis pequenos tremores de terra foram sentidos na região das barragens na tarde da tragédia. Os sismos, comuns na região, são todos menores que três pontos de magnitude na escala Richter e "só em casos muito especiais poderiam causar danos diretos a qualquer construção civil ou barragem". Pesquisadores da USP dizem, porém, que é preciso investigar mais a fundo a influência dos sismos se a estrutura já estivesse instável devido a fatores anteriores, como excesso de carga ou chuva, por exemplo.

    5) Qual o real dano causado nas estruturas que não ruíram?

    O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, afirmou em vídeo, um dia após a tragédia, que duas barragens haviam se rompido : a do Fundão, maior e localizada acima no relevo da região, e uma menor, chamada de Santarém, que estava abaixo e foi impactada pelo rompimento da primeira. Técnicos do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) dizem que a barragem de Santarém não se rompeu, como fora anunciado pela empresa.

    6) Existe uma rachadura na barragem de Germano? Há algum risco de ela se romper?

    A Samarco afirmou que, até sexta-feira (13), inspeções não indicavam nenhuma trinca na barragem de Germano, mas bombeiros dizem que há uma rachadura no local.

    Clique e veja galeria do desastre causado pelo 'tsunami de lama' em MG e ES

    Veja galeria especial sobre o desastre após queda de barragens

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024