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    tragédia no rio doce

    Após sete dias, água volta só para parte de Governador Valadares (MG)

    FÁBIO BRAGA
    ENVIADO ESPECIAL A GOVERNADOR VALADARES (MG)
    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    17/11/2015 02h00

    Após sete dias com as torneiras secas devido à enxurrada de lama vinda das barragens rompidas em Mariana (MG), parte da população de Governador Valadares (a 324 km de Belo Horizonte) voltou a receber água tratada, mas cerca de 40% do município continuava desabastecido –principalmente na periferia.

    Com cerca de 265 mil habitantes, a cidade é a mais populosa afetada pelos rejeitos e só deve normalizar seu abastecimento no fim da semana –segundo a prefeitura, a água demora mais para chegar nas partes altas.

    "A gente nunca imaginou que fosse passar por uma situação dessas", afirma a dona de casa Maria Dalva Ramalho, 48, que nesta segunda-feira (16) esperou das 9h às 17h em uma escola para buscar água mineral, mas saiu com as mãos vazias.

    A escola municipal perto da casa dela não estava entre os postos de entrega da prefeitura. Uma igreja recebeu doações e organizou a distribuição para 170 pessoas. Mas apareceu muito mais gente.

    Prefeitura, PM e Exército distribuíram água em 20 pontos da cidade, com caminhões-pipa. Mais concorridos, porém, eram os galões de água mineral, distribuídos em apenas dez locais.

    O rompimento de barragens da Samarco levou à suspensão do abastecimento de Valadares porque ele dependia 100% do rio Doce.

    Para limpar a água da lama, os técnicos do município estão usando um composto químico processado a partir da casca do tronco da planta acácia negra. Quando adicionada na estação de tratamento de água, a substância reage com a lama –a pasta de sujeira, mais pesada, acaba ficando no fundo do tanque.

    Infográfico: Tratamento da água do rio Doce

    O governador Fernando Pimentel (PT) também anunciou uma obra emergencial que permitirá a captação no rio Saçuí Pequeno.

    O médico Carlos Alberto Perim, 72, que mora no centro da cidade, tem a torneiras cheias agora, mas gastou R$ 700 com dois carros-pipa na última semana para evitar que a seca chegasse ao prédio do qual é síndico. "Ainda bem que a situação está se normalizando", afirma.

    A lama chegou na manhã desta segunda ao município de Aimorés, divisa com Espírito Santo. Apenas um distrito da cidade depende inteiramente do rio Doce –e tem recebido caminhões-pipa.

    O município vizinho do lado capixaba, Baixo Guandu, fez uma obra emergencial na última semana e passou a captar e tratar a água de outro rio (Guandu). Assim, não faltou água nas torneiras.

    Em Colatina (ES), a Samarco trabalha para furar seis poços artesianos, próximo às estações de tratamento, a fim de evitar desabastecimento dos 120 mil moradores.

    Ibama, ANA (Agência Nacional de Águas) e Samarco definiram três medidas para reduzir danos: construir diques de filtração para reter resíduos que estão em Mariana, aplicar floculantes no reservatório de Aimorés para facilitar a limpeza e pôr barreiras no encontro de rio e mar.

    Colaborou EDUARDO GERAQUE

    Edição impressa
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