Até a próxima sexta-feira (27), todo o município de Colatina (ES) vai ter água nas torneiras, de acordo com o coordenador da Defesa Civil do Estado, Fabiano Bonno.

O município está sem água desde a madrugada da última quarta (18), quando a lama da vinda da barragem rompida em Mariana (MG) chegou à parte do rio Doce que abastece os 120 mil habitantes da localidade.

A lama é composta por rejeitos de minério de ferro da Samarco, mineradora controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton. Os rejeitos estavam armazenados na barragem do Fundão, em Mariana, que se rompeu no último dia 5 e deixou pelo menos oito mortos, além de onze desaparecidos.

"Como o nível de turbidez da água vai caindo, acreditamos que daqui a três dias, no máximo, já poderemos tratar a água. E dois ou três dias depois já estará chegando ao ponto mais desfavorável de distribuição", afirmou Bonno à Folha neste domingo (22).

Clique e veja o infográfico "Rastro da lama"

O "tsunami de lama" atingiu os rios Gulaxo do Norte, do Carmo e Doce, causou mortes de peixes e provocou problemas de abastecimento em cidades como Governador Valadares (MG), Tumiritinga (MG) e Baixo Guandu (ES).

Para que conseguisse tratar a água necessária ao seu abastecimento, a cidade de Colatina recebeu 30 toneladas do Tanfloc, coagulante que decanta a água da lama. O produto já é usado para tratar a água em Governador Valadares e teve resultados positivos, segundo laudo da Copasa, empresa de abastecimento mineira. Em colatina, no entanto, o produto só poderá ser usado após a porção mais densa da onda de lama passar pelo município.

De acordo com análise da ANA (Agência Nacional de Águas), que coletou, no último dia 16, oito amostras da água em quatro pontos próximos ao rompimento da barragem em Mariana, a concentração de metais pesados está de acordo com o permitido pela legislação e não difere dos resultados colhidos nos mesmos locais em 2010.

A Prefeitura de Colatina espera o resultado de análises de laboratório para confirmar a potabilidade da água tratada com o coagulante.

Enquanto isso, a cidade capta água de duas lagoas e da cidade vizinha de Linhares (ES), que não depende do rio Doce. Com isso, consegue abastecer pouco mais de 20% da população.

A prefeitura espalhou 52 caixas-d'água de 10 mil litros em dez bairros da cidade e distribui água mineral em 16 pontos: oito de 14h às 17h e outros oito de 18h às 21h. Em média, são entregues 300 mil litros de água mineral por dia, de acordo com o coordenador da Defesa Civil.

No primeiro dia de distribuição de água mineral (19), houve confusão e brigas em alguns pontos de entrega. Segundo a prefeitura, a Defesa Civil e o Exército assumiram a distribuição no dia seguinte e não foram registrados mais tumultos.