• Cotidiano

    Friday, 03-May-2024 19:03:25 -03

    mosquito aedes aegypti

    Brasil pode ter epidemia de dengue; 199 cidades estão com alta infestação

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    24/11/2015 15h36 - Atualizado às 17h17

    Ao menos 199 municípios brasileiros estão em situação de risco de novas epidemias de dengue e de outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor, como chikungunya e zika.

    Outras 665 estão em situação de alerta. Os dados são do novo LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti), divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (24).

    A pesquisa considera o grau de infestação do mosquito em 1.792 cidades analisadas. A situação é considerada grave nos municípios onde mais de 4% das casas têm larvas do mosquito em recipientes com água parada –daí o risco de nova epidemia. Já naqueles onde esse índice é maior que 1% e menor que 3,9%, a situação é de alerta.

    A pesquisa coletou dados entre outubro e novembro deste ano, meses anteriores ao período esperado de aumento de casos de dengue no país. O número de cidades em situação de risco e de alerta é maior do que em 2014, quando 125 e 552 municípios estavam em cada uma destas categorias, respectivamente. A amostra, porém, era menor que neste ano, com 1.524 cidades analisadas.

    Risco de dengue

    Entre as capitais que enviaram dados para o novo levantamento, Rio Branco aparece dentro do quadro de risco devido à infestação de Aedes aegypti. Sete aparecem no quadro de alerta: Aracaju, Recife, São Luís, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belém e Porto Velho.

    Outras dez (Boa Vista, Palmas, Fortaleza, João Pessoa, Teresina, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Campo Grande e Curitiba) tiveram o quadro considerado como satisfatório, avaliação que corresponde a 928 cidades do país.

    As capitais Macapá, Manaus, Natal, Maceió, Salvador, Vitória, Goiânia, Florianópolis e Porto Alegre ficaram de fora do levantamento por não enviarem os resultados ao Ministério da Saúde. Além do Aedes aegypti, o levantamento também encontrou em 262 municípios a presença de Aedes albopictus, mosquito que pode transmitir chikungunya.

    Dengue no brasil - Municípios em alerta, por região

    EPIDEMIA DE DENGUE

    Para Giovaninni Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, os dados indicam que é preciso aumentar o controle dos focos do mosquito, sob o risco de novo aumento de casos de dengue no país.

    "O LIRAa é a radiografia do momento. O fato de ter 928 municípios em situação satisfatória não quer dizer que tenham que ficar tranquilos. Após chuvas [que tornam o ambiente favorável ao mosquito, devido ao risco de acúmulo de água parada], é possível haver modificações no índice", alerta.

    Neste ano, o país registrou uma das piores epidemias de dengue da história. Dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde informam 1,5 milhão de casos notificados de dengue no país até o dia 16 de novembro, um crescimento de 176% em relação ao mesmo período de 2014.

    Também houve recorde de mortes pela doença, com 811 casos –número 79% maior em relação ao registrado no ano anterior, quando houve 453 mortes em decorrência da dengue.

    Clique e entenda tudo sobre o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue

    Clique e entenda tudo sobre o mosquito transmissor da dengue

    OUTRAS DOENÇAS

    Além da dengue, preocupam o governo o aumento acelerado de casos de chikungunya e zika, duas outras doenças parecidas com a primeira e transmitidas pelo mesmo mosquito. Até o momento, já foram registrados 17.131 casos de chikungunya –destes, 6,724 já estão confirmados. Os demais estão em investigação.

    A doença, com sintomas parecidos à dengue, como febre, dor de cabeça e no corpo, é marcada ainda por fortes dores nas articulações, que podem se estender por meses.

    Outra "prima da dengue", a zika, que traz principalmente manchas vermelhas no corpo, já aparece em 18 Estados desde que foi identificada, em maio deste ano. Os dados são de balanço atualizado do Ministério da Saúde.

    A pasta, no entanto, não tem informações do total de casos suspeitos da doença no país. O governo alega que não há grande oferta de exames laboratoriais disponíveis, o que impossibilitaria de analisar todos os registros.

    Hoje, a infecção pelo vírus da zika durante a gestação é investigada como possível motivo para um aumento no país de casos de recém-nascidos com malformação do crânio, a chamada microcefalia. Desde agosto, quando ocorreram os primeiros registros, o Brasil já contabiliza 739 casos notificados da anomalia, em que a criança nasce com o perímetro da cabeça menor do que a média, que é acima de 34 cm.

    Tais casos, no entanto, ainda precisam ser confirmados por meio de exames, que comprovam a malformação durante o desenvolvimento do feto, com indícios como a presença de calcificações no cérebro.

    CRIADOUROS

    Segundo o LIRAa, a maior parte das larvas encontradas do mosquito Aedes aegypti no Nordeste estavam em tonéis e caixas de água. No Sudeste e Centro-Oeste, predomina como criadouro o depósito domiciliar, com vasos de plantas e garrafas. No Norte e Sul, o principal vilão no combate ao mosquito é o acúmulo irregular de lixo.

    Diante do risco de novas epidemias, o governo lançou uma nova campanha para eliminação destes criadouros e combate ao mosquito. O material usa como lema a frase "Se o mosquito pode matar, ele não pode nascer" e a relação do vetor com dengue, chikungunya e zika.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024