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    tragédia no rio doce

    'Acidente não terminou', diz ministra do Meio Ambiente sobre lama no Doce

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    25/11/2015 13h58

    A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) afirmou nesta quarta-feira (25) que o rio Doce passará por monitoramento diário diante da chegada do período de chuvas. O trabalho será feito por embarcação da Marinha, que chega hoje à região.

    A lama de barragem da mineradora Samarco –formada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP– terá forte impacto sobre o rio: a previsão é que a pesca se normalize no prazo de uma década.

    A tragédia que afetou cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo foi provocada pelo rompimento de duas barragens de contenção de rejeitos oriundos da exploração mineral no município de Mariana (a 124 km de Belo Horizonte), no interior de Minas.

    Clique e veja o infográfico especial "Rastro da lama"
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    O rompimento resultou no vazamento de ao menos 40 bilhões de litros de lama e no transbordamento também da barragem de Santarém, que fica logo abaixo da do Fundão. O desastre deixou ao menos 8 mortos e 11 pessoas ainda estão desaparecidas.

    "O acidente não terminou, está vivo ainda. (...) Mariana é o desastre ambiental mais grave que o Brasil já teve, e de um impacto regional de proporções inimagináveis", afirmou a ministra após divulgação de dados sobre desmatamento no cerrado.

    Com a chegada de chuvas, ela explicou, a lama depositada no fundo do rio deve se deslocar, provocando aumento de turbidez e chegando ao mar do Espírito Santo. "Cada vez que vejo a área fico mais estarrecida. As pessoas não têm noção do que [o rompimento da barragem] significa", disse.

    Infográfico: Dano ambiental

    ABROLHOS

    A ministra Izabella Teixeira afirmou ser possível recuperar o rio Doce, mas que isso será feito "num compromisso de longo prazo". "O acidente não está estabilizado", afirmou no programa de rádio. "Antes do acidente o rio vinha sofrendo impacto significativo de degradação. Já tinha um quadro grave e agora um quadro crítico."

    Ela destacou ainda que, no momento, "nada indica" que a lama chegará a Abrolhos, banco de corais localizado a cerca de 250km da foz do rio.

    30 METROS DE LAMA

    O rejeito, que contaminou praticamente todo o rio Doce, chegou no fim de semana ao mar do Espírito Santo. O governo federal classificou o episódio como a maior tragédia ambiental já ocorrida na história do país.

    Em protesto contra a falta de água e as dificuldades na distribuição, manifestantes bloquearam vias na cidade de Colatina (ES) na noite desta terça-feira (23), e entraram em confronto com a Polícia Militar.

    O município está sem água desde a última quarta (18), quando foi atingido pela lama da mineradora Samarco, dona da barragem que se rompeu no último dia 5, em Mariana (MG), e que deixou pelo menos oito mortos e 11 desaparecidos.

    Em entrevista ao programa "Bom dia Ministro", da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o ministro Gilberto Occhi (Integração Nacional) reconheceu na manhã desta quarta que o acidente provocou um "caos generalizado" em Governador Valadares (MG), diante da suspensão do abastecimento de água.

    Ele destacou, no entanto, que 250 homens atuam na cidade e em Colatina (ES) para organizar a distribuição de água mineral. O ministro disse que a expectativa é obter junto às prefeituras, até o fim da semana, a relação de famílias afetadas pelo desastre –e que dependem do rio para seu sustento– que passariam, então, a receber auxílio da Samarco.

    Occhi reconheceu ainda a "enorme dificuldade" para localização de desaparecidos desde o acidente. "Hoje temos áreas com mais de 30 metros de lama. Isso tem dificultado muito [as buscas]".

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