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    tragédia no rio doce

    Com lama, turistas cancelam reservas de Réveillon em vilarejo afetado no ES

    JULIANA COISSI
    ENVIADA ESPECIAL A LINHARES (ES)

    27/11/2015 02h00

    Comerciantes e donos de pousadas achavam que o verão de 2016 seria o melhor da história de Regência, vilarejo no encontro do rio Doce com o mar, no Espírito Santo. Mas a lama com rejeitos de minério que chegou no sábado (21) ao local já levou turistas a cancelar reservas para o Réveillon e ameaça até o Carnaval.

    O rompimento da barragem da Samarco empurrou a lama até a foz do rio Doce e, em seguida, ao mar. Por isso, carros de som passam nas ruas de Regência pedindo que as pessoas não utilizem a praia.

    Conhecida como uma vila pacata de pescadores, onde se reproduzem tartarugas marinhas, Regência viu florescer o ecoturismo nos últimos cinco anos. Pessoas buscam a vila para passeios de caiaque, trilhas ecológicas e a carebada, que é a observação noturna da postura de ovos das carebas, nome indígena dado às tartarugas marinhas.

    Além do ecoturismo, o comércio local passou a lucrar com a chegada de surfistas atraídos pelas ondas de tubo perfeitas da praia local. Hoje, Regência ainda depende da pesca, mas os empregos no turismo e no projeto Tamar (de preservação das tartarugas) ajudam a sustentar a vila.

    Clique na imagem e veja o especial "O caminho da lama"
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    INVESTIMENTOS

    Neste ano, Gizzely Veloso Missagia, 39, se surpreendeu com o movimento em sua pousada, a Vila Sérgio, mesmo na baixa temporada, em junho. Ela se animou a anunciar um Natal com direito a ceia.

    Gastou cerca de R$ 100 mil com pintura, novos móveis, colchão, cortinas e roupas de cama. Todos os quartos já estavam reservados, mas a notícia de que a tragédia de Mariana desembocaria em Regência levou ao cancelamento de 100% das reservas.

    Gizzely precisa, ainda, encontrar um meio de reembolsar os clientes que já haviam pago metade da reserva. "Eu usei esse dinheiro para investir na pousada, porque 2016 seria nosso melhor verão. Não sei o que vou fazer."

    Até o Carnaval vai sofrer os efeitos da tragédia: os quartos estavam todos reservados, mas as ligações para cancelamento já estão ocorrendo.

    A empresa de ecoturismo de Fábio Gama, 39, está praticamente fechada. Nesta época, cerca de 40 pessoas alugavam os caiaques para passeios no rio aos fins de semana. Desde que a lama chegou, a procura caiu a zero.

    Infográfico: Dano ambiental

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