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    Governo confirma relação entre zika vírus e microcefalia

    DE BRASÍLIA

    28/11/2015 18h30 - Atualizado às 19h08

    O Ministério da Saúde informou neste sábado (28) que há relação entre o surto de microcefalia no Nordeste e o zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

    A constatação do governo tem como base o resultado de exames realizados em um bebê nascido no Ceará pelo Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA). De acordo com o ministério, em amostras de sangue e tecidos do bebê, que nasceu com microcefalia e outras malformações congênitas, foi identificada a presença do vírus.

    "A partir desse achado do bebê que veio à óbito, o Ministério da Saúde considera confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia", diz a Saúde em nota. "Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial."

    O governo diz também que a análise inicial indica que o risco para a gestante está associado aos primeiros três meses de gravidez. Destaca, no entanto, que ainda são necessárias investigações para confirmar o período de maior vulnerabilidade para a gestante e esclarecer outras questões, como a transmissão do vírus, sua atuação no organismo e a infecção do feto.

    OUTRA MORTE

    O Instituto Evandro Chagas também informou ao ministério nesta sexta-feira (27) dois casos de mortes relacionadas ao vírus. O primeiro caso foi de um homem com histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticoides, morador de São Luís (Maranhão). O segundo caso, de uma menina de 16 anos de Benevides (Pará), que morreu no final de outubro.

    "As análises indicam que esse agente pode ter contribuído para agravamento dos casos e óbitos. Esta é a primeira ligação de morte relacionada ao vírus zika no mundo, o que demonstra uma semelhança com a dengue", diz o ministério.

    Infográfico: Entenda a microcefalia

    Em relação ao homem, a suspeita inicial era de dengue. Os exames, no entanto, deram resultado negativo para essa doença e mostraram o genoma do zika no sangue e vísceras da vítima. A dengue também foi a primeira suspeita no caso da mulher, que apresentou dor de cabeça, náuseas e pontos vermelhos na pele e nas mucosas. Os testes sanguíneos confirmaram a presença do zika.

    "O Ministério da Saúde está se aprofundando na análise dos casos, além de acompanhar outras análises que vem sendo conduzidas pelos seus órgãos de pesquisa e análise laboratorial. O protocolo inicial para o atendimento de possível agravamento da zika será o mesmo utilizado para situações mais graves de dengue."

    MOSQUITO

    Estão em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika 199 municípios brasileiros, segundo o último levantamento do governo.

    Segundo o ministério, a Presidência da República determinou a convocação de um grupo que reunirá 17 ministérios para formular um plano nacional do combate ao mosquito transmissor dessas doenças.

    "Além disso, [o governo] mantém contato com as secretarias estaduais e municipais para articular uma resposta conjunta e, em especial, a mobilizar ações contra o mosquito."

    O governo diz ainda que intensificou o acompanhamento da situação e que divulgará orientações para rede pública e para a população, conforme os resultados das investigações.

    "Também estão sendo estimuladas pesquisas para o diagnóstico da doença e frentes de mobilização em regiões mais críticas. Não faltarão recursos financeiros para suporte às ações", diz o ministério.

    "As medidas envolvem, finalmente, ações de comunicação e suporte assistencial, como pré-natal, atenção psicossocial, fisioterapia, exames de suporte e estímulo precoce dos bebês."

    Clique e entenda tudo sobre o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue

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