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    Governo federal anuncia plano de combate ao zika com 17 ministérios

    KLEBER NUNES
    ENVIADO ESPECIAL A GRAVATÁ (PE)

    30/11/2015 21h34

    O governo federal terá ajuda do Exército e de representantes da agência de saúde dos Estados Unidos para combater e estudar o vírus zika e complicações como a microcefalia, má-formação do cérebro de recém-nascidos.

    Em um avanço inédito, o país já registra nesta segunda-feira (30) 1.248 casos suspeitos de microcefalia, má-formação do cérebro que pode trazer sequelas ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança.

    O ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciou nesta segunda-feira (30) um plano federal de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e do zika, que contará com a participação de 17 ministérios e do Exército a partir da próxima semana.

    Dois especialistas do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos também acompanharão de perto os casos de microcefalia no Recife, capital do Estado com o maior número de casos (646).

    Infográfico: Entenda a microcefalia

    As novas ações, segundo Castro, se somam à criação de centros de Operações de Emergência da Saúde e o de informações. "Ambos ajudam a formar uma grande rede na qual recebemos constantemente os números registrados nos municípios e repassados aos Estados. Eles têm auxiliado no monitoramento dos casos suspeitos em todos o país", disse Castro. Os dados são divulgados todas as terças-feiras no site do ministério

    "Reconheço que nos últimos anos nós não vínhamos combatendo o mosquito para vencer e, por isso, estamos perdendo. Mas agora temos que mobilizar todas as nossas forças. Não estamos falando de números, mas de vidas", afirmou o ministro.

    Pressionado pelos prefeitos que participaram da reunião convocada pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), o ministro Marcelo Castro também prometeu rever a portaria 1025, que regulamentou, no ano passado, o piso dos agentes comunitários de saúde para R$ 1.014. De acordo com Câmara, só em Pernambuco o desfalque foi de 4.200 agentes, "pois as prefeituras não conseguiam pagar os salários".

    "Há um receio grande não só nosso, mas de vários países, pois tudo está sendo informado à Organização Mundial da Saúde, especialmente de que o surto do zika vírus se espalhe pelo continente", declarou Castro. O ministro disse que o governo teme que a epidemia tenha consequências negativas para o turismo.

    O ministro voltou a reafirmar que não há recomendação para que as mulheres evitem engravidar. "O que tem que ser feito é redobrar os cuidados para elas não serem picadas. Aconselho o uso de roupas compridas, meias e se possível a instalação de telas em casa", afirmou.

    PERNAMBUCO

    Estado com mais casos notificados, Pernambuco vai contar com um plano de enfrentamento a doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O governador disse que irá destinar R$ 25 milhões para campanhas informativas, a estruturação de 15 centros regionais de atenção a crianças com microcefalia e a aquisição de material para os agentes.

    "Temos que unir toda a sociedade para acabar com os criadouros nesses próximos dois meses, pois é a partir de fevereiro que começa a subir a curva de casos. Nas próximas semanas vamos receber os diagnósticos das prefeituras e demandar ao Exército o número de soldados necessários para ajudar nessa luta", disse Câmara.

    Além da falta de informação, Câmara disse acreditar que o crescimento dos casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti está ligado à seca. Segundo levantamento da Secretaria da Saúde de Pernambuco, 82,5% dos principais focos estão em baldes, caixas e tonéis que armazenam água.

    "Sem água na torneira as pessoas precisam armazená-la e aí mora o perigo. Por isso, é preciso um trabalho intenso de conscientização. Mas também vamos recorrer a casos extremos como intervenção judicial para que os agentes possam entrar nas casas", disse Câmara.

    O Comando do Exército do Nordeste disponibilizou seus 25 mil homens e mulheres para auxiliar no combate ao mosquito na região.

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