A taxa de reprovação a Geraldo Alckmin está entre as piores já obtidas por um governador paulista. Só é superada pelas alcançadas por Mário Covas entre o fim de 1999 e junho de 2000. Os recordes na ocasião tinham correlação com reflexos das greves no funcionalismo, principalmente na área da educação.
E agora, diante justamente da proposta polêmica de reestruturação do setor, uma nova marca negativa se impõe à gestão tucana. A maioria tomou conhecimento da ideia e se posiciona contra. E isto tanto no estrato dos que têm filhos na rede pública (65%) quanto no dos que não têm (59%). E a maior parte ainda se coloca a favor da ocupação dos colégios pelos estudantes como forma de protesto.
Mudar política pública em área tão sensível, com alto potencial de impacto sobre a rotina das famílias, em fator fundamental para a inclusão social, gera não só desconfiança como frustração em parcela importante do eleitorado, especialmente nos segmentos carentes, onde o governador mais perdeu aprovação.
Mesmo com a queda de dez pontos na popularidade no início do ano, muito em função da crise hídrica, a taxa dos que o aprovavam Alckmin em fevereiro era 14 pontos superior à dos que o reprovavam. Hoje, a reprovação supera a de aprovação em dois pontos, um empate técnico.
Lalo de Almeida/Folhapress | ||
Governador tem em 2015 pior avaliação de sua carreira no cargo, desde 2001 |
Apesar do índice dos que perceberam falta de água no domicílio ter caído, a taxa dos que a relatam com frequência superior a cinco dias mantém-se no patamar de 22%. Além disso, há a sensação de que falta informação -predomina a ideia de que o governo só divulga o que lhe interessa.
As últimas tentativas de evocar sigilo sobre dados da Sabesp, assim como do Metrô e da Policia Militar, reforçam a falta de transparência associada ao governo tucano. A isso se soma a imagem negativa da polícia que, como mostrou o Datafolha recentemente, desperta mais medo do que confiança.
A PM pode se transformar em símbolo da falta de debate e transparência. Aparece para a população como uma força empregada para anular o diálogo e, com isso, ajuda a minar a imagem da atual gestão. Não se deve esquecer que em junho de 2013, a partir de ações da PM paulista contra jovens manifestantes, agravou-se a crise de representação e Alckmin também sofreu forte desgaste.
A recuperação do prestígio passa por admitir a necessidade de canais adequados de consulta, especialmente junto às camadas que vêm ascendendo pela educação. Com a dinâmica interativa dos novos meios, a exigência por transparência e participação será cada vez maior, tendência fundamental a ser acompanhada por quem não quer perder o carimbo de pré-candidato a Presidente da República.