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    mosquito aedes aegypti

    Com microcefalia, Maria Eduarda, 15 dias, não consegue sugar a mamadeira

    EMILIO SANT'ANNA
    ENVIADO ESPECIAL AO RECIFE

    06/12/2015 02h00

    Maria Eduarda completa 15 dias neste domingo (6). Desde a última quarta, a família se reveza para acompanhá-la no hospital. Pouco mais de uma semana após nascer, a menina começou a ter dificuldade para respirar.

    Ela não consegue mamar. Não tem força para sugar a mamadeira. Maria Eduarda tem microcefalia. "Só faz mesmo é dormir", diz Rafaela de Moura Albuquerque, 26, a tia, que explica que a mãe do bebê está abalada.

    A família é de Olinda. Rafaela vive com os R$ 750 que recebe como auxiliar de serviços gerais. Sua mãe, dos pouco mais de R$ 150 do benefício do Bolsa Família.

    A menina é um entre os 160 casos confirmados acompanhados pela equipe de Maria Angela Rocha, coordenadora do serviço de infectologia infantil do hospital Oswaldo Cruz, no Recife. Ao todo, 464 casos suspeitos já foram identificados em Pernambuco.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Causado pelo vírus zika, segundo o Ministério da Saúde, o problema tem a mesma origem dos mais de 1,5 milhão de casos suspeitos de dengue: o mosquito Aedes aegypti.

    Todos os sintomas que o vírus pode causar –80% dos casos são assintomáticos– Rafaela diz que a mãe de Maria Eduarda teve. "Levamos ela no hospital; falaram que era chikungunya", afirma.

    Desde o final de agosto, 1.248 casos suspeitos foram identificados em 14 Estados. "Podemos ter uma geração com sequelas variadas", diz Maria Angela.

    Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental. "O desafio, depois desse (de identificação e primeiros tratamentos), será oferecer um acompanhamento multidisciplinar. O SUS tem seus gargalos."

    Em Pernambuco essa necessidade deve se impor com rapidez para o sistema público de saúde. Segundo o diretor de controle de doenças e agravos da Secretaria de Estado da Saúde, George Dimech, dentro de no máximo 15 dias novo protocolo será divulgado com especificações sobre esse acompanhamento.

    Rafaela conta que, antes do nascimento da sobrinha, nunca tinha ouvido falar em microcefalia. "Zika, tinha visto na televisão."

    Infográfico: Entenda a microcefalia

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