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    mosquito aedes aegypti

    Grávidas da periferia de São Paulo desconhecem vírus zika

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    06/12/2015 02h00

    Enquanto gestantes paulistanas cancelam viagens ao Nordeste e se enchem de repelente com medo do zika, outras mulheres, moradoras da Vila Brasilândia, mal sabem o que é o vírus ligado ao avanço da microcefalia no país.

    A complicação causa má-formação cerebral nos recém-nascidos, que podem ter atrasos no desenvolvimento, visão prejudicada, fotofobia, surdez e outros problemas.

    A Brasilândia, bairro na zona norte, foi a recordista de casos de dengue em 2015. Foram quase 10% dos 100 mil casos registrados em São Paulo.

    A transmissão do zika se dá da mesma forma que a dengue (e a chikungunya): pelo mosquito Aedes aegypti.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Mas as gestantes da Brasilândia, onde esses insetos deixaram 9.721 doentes em 2015, não foram orientadas sobre os riscos do vírus. Só quatro de 13 grávidas com as quais a reportagem conversou em Unidades Básicas de Saúde tinham ouvido falar no zika –pela TV ou por familiares.

    Grávida de quatro meses, a autônoma Nilma Guimarães, 29, conta que viu uma reportagem sobre o zika na TV e passou a usar repelente e roupas compridas. Ela já toma cuidados contra a proliferação da dengue em casa -diz acreditar que foi lá que sua sogra pegou a doença neste ano.

    Uma técnica de enfermagem, tia de Tais Santos, 19, grávida de três meses, avisou a sobrinha dos riscos. Tais passou a usar repelente duas vezes por dia: antes de trabalhar e de dormir. Médicos recomendam, porém, que gestantes durmam sem o produto, já que é agressivo e o mosquito tem hábitos diurnos.

    Já outras mulheres, como Jessica Vitorino, 26, grávida de sete meses, Ketlen Duarte, 28, de quatro meses, e Vanusa Gerônimo, 30, de cinco meses, dizem não terem sido orientadas por médicos em consultas realizadas na quarta-feira (2) e que não se protegem contra picadas.

    A Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelas UBSs, informa que exibe um vídeo nas unidades com os principais sintomas da doença. Além disso, profissionais são orientados a informar pacientes sobre a prevenção de dengue, zika e chikungunya, mas com o cuidado de não incitar o pânico na população.

    Panfletos com informações sobre os vírus serão entregues a partir da semana que vem.

    Infográfico: Entenda a microcefalia

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