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    mosquito aedes aegypti

    Mulheres de SP devem continuar engravidando, diz secretário de saúde

    CLÁUDIA COLLUCCI
    FERNANDA ATHAS
    DE SÃO PAULO

    07/12/2015 17h45

    "Que continuem engravidando. Àquelas que me perguntaram se devem ir para a região epidêmica, não devem ir". Essa foi a orientação feita pelo secretário de Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, nesta segunda (7), em coletiva sobre o enfrentamento ao vírus zika, quando questionado sobre o que diria às mulheres que planejam engravidar agora no Estado.

    Minutos antes, Uip havia afirmado que o vírus zika irá circular por São Paulo. "Eu posso afirmar a vocês que nós vamos ter casos de zika aqui em São Paulo. Eu posso
    afirmar, sim, que nós teremos microcefalia causada pelo vírus zika em São Paulo, senão, não estaríamos aqui apresentando um plano estadual das arboviroses", disse.

    O plano é uma força-tarefa de vigilância para eliminar o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus zika, dengue e chikungunya. A ideia é identificar precocemente a circulação dos vírus na região e envolve a Polícia Militar e outras secretarias. "Neste momento é fundamental que a sociedade se envolva ao objetivo que é a morte do mosquito de uma forma que nunca se fez antes", disse Uip.

    O governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve presente na coletiva e afirmou que, caso seja constatada necessidade de criar uma lei estadual para que agentes possam entrar em residências em busca de criadouros, poderá ser feita. "Hoje, 80% dos criadouros está nas casas das pessoas", afirmou.

    Atualmente, duas técnicas de diagnóstico são utilizadas na tentativa de detectar indícios de infecção pelo vírus zika: o teste sorológico Elisa, que verifica a presença de anticorpos para o vírus e a PCR, que identifica o vírus.

    No entanto, nenhum dos testes funciona perfeitamente. Segundo Uip, há a possibilidade de falsos positivos, devido a reações cruzadas com os vírus da dengue e chikungunya, no caso da sorologia. Já a PCR, que identifica o DNA do vírus, ainda não está calibrada para o vírus zika.

    Alckmin disse, ainda, que irá pedir à Anvisa autorização para o Instituto Butantan iniciar a fase 3 da vacina elaborada pela instituição contra a dengue. A expectativa do governo é que, em seis meses, existam resultados para embasar a produção industrial da vacina, caso comprovada sua eficácia.

    IRRESPONSABILIDADE

    "É uma irresponsabilidade dizer isso [que as mulheres podem continuar engravidando] no momento em que vamos iniciar o verão, o período mais crítico da disseminação do aedes", diz o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses.

    Ele lembra que o Estado de São Paulo registrou neste ano uma das piores epidemias de dengue e continua com altos índices de infestação do mosquito. "O aedes continua circulando e ele não distingue um vírus do outro." afirma.

    Na opinião de Timerman, não há qualquer fundamentação científica para inferir que a situação em São Paulo será diferente da que ocorre hoje no Nordeste. "As mulheres devem, sim, evitar a gravidez nesse momento até que tenhamos noção da magnitude desse epidemia de microcefalia."

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