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    mosquito aedes aegypti

    Estudos veem relação entre chegada do zika e torneios realizados no país

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    13/12/2015 02h00

    Futebol ou canoagem? Estudos investigam a possibilidade de o vírus que lançou o Brasil em estado de alerta ter aportado aqui durante um torneio esportivo em 2014.

    Transmitido pelo mesmo mosquito da dengue e da chikungunya, o vírus zika deve fazer 500 mil vítimas até o final de dezembro, segundo o Ministério da Saúde.

    Os sintomas mais leves incluem febre baixa, manchas vermelhas no corpo e coceira. Os mais graves incluem associação com microcefalia em bebês e com a síndrome de Guillain-Barré, que paralisa os músculos do corpo.

    Agora, trabalhos científicos tentam mapear como o microrganismo chegou ao Brasil, 67 anos após ser isolado pela primeira vez em um macaco rhesus em Uganda, na floresta Zika –daí o nome.

    infográfico/ Zika

    ROTA

    O vírus isolado em Natal (RN) em março deste ano não é o da linhagem africana –é mais parecido com o tipo estudado na Ásia.

    Por isso, acredita-se que o vírus que está circulando por aqui tenha vindo de áreas como a Polinésia Francesa e o sudoeste asiático.

    As suspeitas de parte dos pesquisadores recaem sobre dois torneios esportivos.

    Artigo científico assinado por pesquisadores da Polinésia Francesa sugere que o zika aportou no Rio de Janeiro com participantes do Va'a World Sprint, campeonato mundial de canoagem realizado em agosto de 2014.

    Participaram da competição, realizada na lagoa Rodrigo de Freitas, atletas de quatro áreas do Pacífico –Polinésia Francesa, Nova Caledônia, Ilhas Cook e Ilha de Páscoa, que pertence ao Chile.

    Outro estudo aponta a possibilidade de o zika ter vindo para cá com o fluxo de turistas da Copa do Mundo.

    Segundo artigo assinado pelos pesquisadores brasileiros Dennis Fujita e Felipe Scassi, ambos do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, durante o mundial de futebol, entraram diretamente na Bahia 129 asiáticos vindos de locais onde havia circulação do vírus no continente (o número não considera países como China, Japão, Coréia e Israel).

    Para o virologista da USP Paolo Zannoto é preciso investigar mais. "Nós ainda estamos tentando mapear o chamado caso zero. Essa hipótese do campeonato no Rio pode não ser a correta, porque o epicentro da doença está no Nordeste", afirma o cientista, que estuda o zika.

    No momento, a equipe da USP está rastreando amostras de sangue da epidemia de dengue de 2013 para saber se o zika já estava presente.

    Rumos do zika

    ROTA SUL-AMERICANA

    O fato de o zika que está no Brasil ter vindo da Polinésia Francesa tem explicação científica simples, dizem especialistas. Foi lá, em 2013, que se registrou a primeira grande epidemia de zika da história.

    Em fevereiro de 2014, turistas do país foram ao Tapati Rapa Nui, festival de cultura da Ilha de Páscoa, que pode ter funcionado como ponte entre Polinésia e América do Sul.

    Estuda-se também a hipótese de o vírus que circula hoje no Brasil ter saído de lá.

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