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    Facção criminosa atua até em cidade de 4.200 habitantes no Paraná

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    18/12/2015 02h00

    Até mesmo cidades com pouco mais de 4.000 habitantes abrigam membros da facção criminosa PCC no Paraná.

    Mandados de prisão contra membros da organização foram cumpridos em 72 municípios do interior do Estado -parte deles com população abaixo de 10 mil moradores.

    Em Cafezal do Sul, por exemplo, cidade de 4.200 habitantes no noroeste do Estado, havia um mandado de prisão a ser cumprido.

    Em alguns casos, como em Icaraíma, cidade de 8.000 moradores também na região noroeste, os integrantes da facção estavam detidos em delegacias, misturados a presos provisórios.

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    No total, segundo revelou a operação, 29 delegacias do interior tinham um, dois ou até quatro integrantes da organização abrigados no local.

    No Paraná, há uma grave superlotação nas carceragens de polícia: são cerca de 9.300 presos para 4.238 vagas, mais que o dobro do permitido.

    "Alguns deles, em 40 minutos, conseguem dominar todos os outros presos só no gogó", disse à Folha um promotor do interior que não quis se identificar.

    Algumas dessas cidades estão em pontos considerados estratégicos para o PCC, como na região oeste do Paraná (fronteira com o Paraguai) e no norte, na divisa com São Paulo.

    São rotas importantes para a principal atividade -e a mais lucrativa- da facção, o tráfico de drogas.

    Depois da operação desta quinta-feira (17), delegados regionais pediram à Secretaria da Segurança que transferisse os presos para o sistema penitenciário, com medo de motins.

    A pasta informou que todos os detidos no interior do Estado serão transferidos para o sistema penitenciário e diz estar atenta a qualquer sinal de rebeliões.

    Os presídios também têm excesso de lotação, mas num nível menor que o das carceragens: são 808 presos excedentes, num total de 18 mil. Para a pasta, é possível comportar todos os detidos na operação Alexandria.

    Para o governo, a operação ajuda a combater a cooptação de membros para o PCC nas delegacias e presídios, ao garantir uma nova punição aos "batizados", pelo crime de associação criminosa, cuja pena é de até três anos.

    "No mínimo, eles vão pensar duas vezes", diz Luiz Alberto Cartaxo Moura, diretor do Depen (Departamento Penitenciário do Estado).

    Segundo Moura, o preso do PCC no interior "não é o grande criminoso", mas o pequeno traficante ou assaltante que vê na facção uma possibilidade de ganhar status.

    Números da operação

    767 mandados de prisão por associação criminosa

    484 cumpridos dentro de penitenciárias e delegacias

    93 presos fora de presídios

    1.200 membros integram a facção no Paraná

    76 municípios paranaenses foram atingidos

    1.500 policiais mobilizados

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