Fechada há mais de um dia, ainda não há nenhuma previsão para a estação da Luz, localizada no centro de São Paulo, ser reaberta. A decisão da reabertura será conjunta entre engenheiros da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e prefeitura.
A estação, por onde circulam cerca de 300 mil passageiros por dia, foi fechada às 16h desta segunda-feira (21) após um incêndio destruir o Museu da Língua Portuguesa, que faz parte da estação.
Segundo a assessoria de imprensa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a estação não abrirá nesta quarta (23). Os trens das linhas 7-Rubi (Luz - Francisco Morato - Jundiaí) e 11-Coral (Luz - Guaianases - Estudantes) ainda não chegarão à Estação da Luz. Os usuários da Linha 7 deverão desembarcar na Estação Palmeiras-Barra Funda, que tem integração com a Linha 3-Vermelha do Metrô. Já os passageiros da Linha 11-Coral desembarcarão na Estação Brás, que também tem conexão com a Linha 3-Vermelha.
A CPTM aguarda o parecer do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) sobre os impactos do incêndio no Museu da Língua Portuguesa. O laudo será analisado pela Defesa Civil que autorizará a retomada da operação ferroviária na região da Estação da Luz, havendo segurança para os usuários.
São três hipóteses para a futuro da estação nos próximos dias. Mantê-la fechada, com a possibilidade apenas de os trens passarem pela estação, abrir somente a estação no acesso à rua Mauá ou abrir totalmente– está última é a mais remota.
OBRAS DE CONTENÇÃO
Durante a tarde, o coordenador da defesa civil municipal, Milton Persoli, já dizia achar difícil a circulação de trens se normalizar na estação da Luz ainda nesta terça-feira (22). Segundo ele, deverão ser feitas algumas obras de contenção para possibilidade de reabertura da estação. "Hoje, a reabertura vai se tornando cada vez menos eficiente porque o público já está indo embora, o pico já começou. E essa é uma decisão que não pode ser apressada. Ela é técnica e estamos tratando com muita sensibilidade", afirmou.
Persoli disse que há duas possibilidades de reabertura: restabelecer a circulação das linhas sem paradas na estação Luz ou permitir que os passageiros usem o acesso pela rua Mauá. O acesso pela praça da Luz está descartado porque fica no mesmo prédio do museu.
Durante a tarde, foram feitos testes com trens circulando em velocidade reduzida em ambos os sentidos para avaliar se a estrutura do museu apresentava algum problema, como trepidações. "Não houve nenhuma anomalia no teste que fizemos. Isso será acrescentado ao laudo do IPT também", disse o coordenador da Defesa Civil.
INCÊNDIO
Patrimônio histórico na região central de São Paulo, o complexo da estação da Luz –que engloba a estação homônima de transporte e o Museu da Língua Portuguesa– foi parcialmente consumido por um incêndio, que começou por volta das 15h50 e foi controlado após duas horas e meia.
O bombeiro civil Ronaldo Pereira, 39, que trabalhava no local, fechado nesta segunda (21) para visitas, morreu após parada cardiorrespiratória devido à fumaça. A mulher de Pereira, a funcionária pública Rita de Cássia dos Santos Osório Cruz, 49, conta que o marido era um apaixonado pela profissão e era capaz de dar a vida pelas pessoas. "Ele fazia o que gostava, pode ter certeza era com amor. Onde estiver agora está se sentindo com o dever cumprido", falou Rita com orgulho de Cruz.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas destruíram o segundo e o terceiro andares do prédio. O teto de madeira desabou. A estrutura da estação de trem, erguida em 1867, não sofreu dano.
"O museu foi totalmente afetado, é uma tragédia", afirmou o secretário do Estado da Cultura, Marcelo Araujo. Todo o acervo do local é digital e, de acordo com ele, conta com cópia de segurança.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a estrutura será reconstruída. Autoridades começaram a investigar as causas do fogo. O museu e todo o complexo da estação da Luz não tinham aval dos bombeiros para funcionar.
