Enquanto fadas, princesas e personagens de desenhos animados eram disputados por crianças e suas famílias para tirar selfies em um shopping da zona oeste de São Paulo, Papai Noel, em um espaço com menos glamour, recebia visitas a conta-gotas.
A cada ano, o bom velhinho tem disputado -e, muitas vezes, perdido- a atenção da criançada com personagens, digamos, mais pop.
A Peppa Pig é um exemplo. No shopping Jardim Sul, no Morumbi (zona oeste), a porquinha -febre entre os pequenos- e os cenários de seus desenhos foram o grande destaque de investimento para o período de Natal.
Papai Noel também vai ao centro de compras, quase todos os dias, mas já não é mais tão paparicado pela molecada, que tem dado preferência a outros personagens e a parquinhos instalados no meio dos enfeites natalinos.
"Vovó, quero brincar naquele", pedia Mariana, 4, para a avó Catarina Almeida, 63, apontando para uma roda-gigante com oito lugares instalada no shopping Pátio Higienópolis (região central).
Com o tema Parque dos Balões, a decoração de fim de ano do centro de compras conta também com um carrossel, balanços, escorregadores e xícaras que giram.
"As crianças até esquecem que tem um Papai Noel esperando por elas no outro piso", diz o recreador Gabriel Costa. "Aqui é bem disputado!"
Nesta quarta-feira (23), no pavimento onde ficam o bom velhinho e suas ajudantes, a fila para um retrato era bem mais tímida e contida que a do parquinho.
"As crianças gostam do Papai Noel, mas se identificam muito com os personagens que elas assistem na TV", diz a advogada Ana Marquese, que passeava com o filho Lucas, 3, no Higienópolis.
Em São Bernardo do Campo, quem chama a atenção no alto de seus 3 metros no São Bernardo Plaza Shopping é a Galinha Pintadinha.
Bob Esponja e as Tartarugas Ninjas são os alvos das câmeras no shopping Praça da Moça, em Diadema.
Na zona sul de São Paulo, a curiosa Luna, seu irmão Júpiter e o furão Cláudio, que figuram em um desenho animado, são o atrativo do shopping Interlagos.
O clima da Lapônia, com neve artificial, renas, árvores gigantes e Papai Noel bonachão, ainda domina a decoração de shoppings como Pátio Paulista, Center Norte e JK Iguatemi, que criou, inclusive, oficinas gratuitas para os pequenos aprenderem a confeccionar enfeites natalinos e a escreverem cartinhas.
BOOM DE VELHINHOS
Reportagem publicada nesta Folha, no último dia 19, mostrou que a crise econômica está empurrando mais pessoas para o mercado de Papai Noel profissional.
Candidatos na faixa entre 20 e 30 anos, fora do perfil tradicional da função, passaram a concorrer por vagas.
"O trabalho está mais disputado, mas não vai acabar nunca. O espírito de Natal vai estar sempre presente", diz Olímpio Ferreira, 65, Papai Noel profissional há dez anos.