• Cotidiano

    Sunday, 19-May-2024 08:41:25 -03

    'Minha dor é inimaginável e infinita', diz mãe de menina Sophia

    DE SÃO PAULO

    27/12/2015 23h09

    "Minha dor é inimaginável, imensurável e infinita", afirmou Ligia Kissajikian Cãncio, 23, mãe da menina Sophia, 4, que morreu no dia 2 de dezembro, no apartamento do pai na zona sul de São Paulo.

    Ricardo Najjar, 23, pai de Sophia, foi apontado pela polícia como principal suspeito de ter matado a criança. Ele está preso na capital.

    Segundo a polícia, ele tampou com as mãos o nariz e a boca da menina após agredi-la. Najjar nega o crime e diz que não sabe o que ocorreu.

    Na época, ele disse à polícia que entrou no banho e ao sair, dez minutos depois, achou a menina "caída, com um saco plástico no rosto".

    Em entrevista a TV Globo, Ligia contou que Najjar havia buscado Sophia na escola, três horas e meia antes da morte. Segundo Ligia, havia uma condição para que Najjar encontrasse a filha: o pagamento da pensão alimentícia atrasada.

    Por volta da 20h15, Ligia ligou para Najjar, que estava chorando. A namorada dele, Isabela, contou ao telefone que Sophia havia se asfixiado sozinha, com um saco.

    "O laudo é claro. Ele deu com um tapa na orelha dela. O tímpano dela estourou. Com a mão, ele tapou a boca e o nariz, provavelmente porque ela estava chorando. Ela vomitou, aspirou o vômito e morreu por asfixia. Esse tipo de morte é impossível ela causar nela mesma", disse Ligia.

    SUSPEITA

    Segundo Alexandre de Moraes, secretário da Segurança, "todas as investigações levaram ao pai como o autor".

    "Há lesões no tímpano, o que indica que [a criança] tomou um tapa no ouvido. E também lesões na boca, a sugerir que, enquanto chorava ou gritava, o pai teria tentado calá-la com as mãos", afirmou Moraes, neste mês. O secretário disse ainda que os exames descartaram violência sexual.

    Segundo a delegada Ana Paula Rodrigues, da delegacia da infância do Departamento de Homicídios, as lesões não são compatíveis com sufocamento acidental com uma sacola plástica.

    Ainda de acordo com a polícia, a perícia mostrou que o modelo de sacola não mataria a menina asfixiada rapidamente, por ser grande.

    Levaria cerca de 30 minutos para ela aspirar todo o ar dentro do saco, tempo incompatível com o relato do pai.

    Para a polícia, Najjar matou a criança em um momento de irritação. A mãe de Sophia -que não morava no local- e a atual namorada relataram que ele costumava perder a paciência.

    "Chegava a bater com a cabeça na parede, a arremessar objetos", disse a delegada.A polícia disse que ele não tinha histórico de agressão contra a filha.

    Os investigadores não encontraram sinais de arrombamento.

    OUTRO LADO

    No dia 15, diante dos laudos, Najjar afirmou em depoimento que "não sabe" o que aconteceu na noite da morte de Sophia, e negou tê-la assassinado.

    O pai repetiu que encontrou a menina morta e com a sacola na cabeça quando saiu do banho. Najjar afirmou ainda que, ao ver Sophia, puxou a sacola de baixo para cima, até a região do nariz, mas voltou a deixar o rosto da filha coberto ao ver que ela estava sangrando. "Ela não estava bonita. Não era uma cena confortável para mim."

    Najjar também explicou o motivo de, sem tirar a sacola da cabeça da filha, ter tirado a menina do chão, colocado na cama e depois voltado novamente para o chão. "Eu imaginei que ali (na cama) não seria o local para fazer o que a emergência me orientasse", disse.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024