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    tragédia no rio doce

    Doações para atingidos pela lama não têm destino certo

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    29/12/2015 02h00

    Com quase R$ 1 milhão em caixa de doações financeiras para os atingidos pela onda de lama da barragem da Samarco, a Prefeitura de Mariana (MG) e entidades da região ainda não sabem o que farão com o montante.

    Distribuídos em três contas bancárias, os recursos contabilizam cerca de R$ 980 mil, a maior parte em depósitos de R$ 50 a R$ 100. A exceção é uma doação de R$ 250 mil feita pelo Bradesco.

    O destino das doações só deve ser definido no dia 4 de janeiro, em uma reunião do conselho -formado por OAB, representantes das comunidades atingidas, Arquidiocese de Mariana, associação comercial e prefeitura- que vai gerir o montante.

    A principal ideia vem do prefeito Duarte Júnior (PPS), que sugere a criação de uma espécie de poupança para bancar os estudos das quase 300 crianças afetadas.

    Ao completarem 18 anos, elas poderiam usar o dinheiro -exclusivamente em educação. A ideia, porém, ainda precisa ser discutida e votada.

    "É a única coisa que podemos fazer por essas crianças. A maior parte das compensações irão para os pais. Esse dinheiro seria delas", diz.

    Atualmente, parte das doações de alimentos para os atingidos pela tragédia tem sido encaminhada para instituições de caridade locais.

    Segundo Duarte Júnior, os produtos correm o risco de passar do prazo de validade caso fiquem estocados.

    Desde 15 de novembro, dez dias depois da ruptura, a administração local pede que não sejam doados alimentos, roupas nem itens de higiene pessoal para o município, por causa do excesso recebido.

    ENTIDADES

    Outro valor ainda sem destinação certa é a doação de US$ 100 mil anunciada pela banda americana Pearl Jam para minimizar os efeitos do derramamento de lama.

    Pelo Facebook, o grupo disse que o dinheiro seria tirado da fundação Vitalogy, sustentada por eles, e que estudava destiná-lo a três entidades: o Instituto Terra (fundado pelo fotógrafo Sebastião Salgado), a Confrem (Comissão de Fortalecimento das Reservas Extrativistas) e a ONG Ibio.

    As três confirmam que foram contatadas pela banda, mas ainda não há definição de repasses e de quais trabalhos serão feitos. Todas elas, no entanto, afirmam que devem ajudar na recuperação da bacia do rio Doce.

    Segundo Carlos Alberto dos Santos, secretário executivo do Confrem, a doação deve ser usada ainda para ajudar comunidades ribeirinhas a retomarem os trabalhos. "Vai ser um trabalho de longo e médio prazo, para os próximos anos", diz. Ele prevê que os repasses comecem em janeiro.

    Procurada, a assessoria do Pearl Jam não se manifestou.

    Outra campanha de doação foi feita em shows de artistas como Caetano Veloso (na capital mineira) e Maria Gadú (em São Paulo). Os dois eventos reuniram aproximadamente 20 mil pessoas, e a renda arrecadada, cujo valor ainda não foi levantado, será gerida pelo Greenpeace.

    De acordo com Nilo D'Ávila, coordenador de eventos da entidade, a previsão é que o dinheiro seja usado em pesquisas sobre a qualidade da água dos mananciais atingidos pela lama e o impacto dos rejeitos de minério na flora, na fauna e nas comunidades.

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