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    Bairro Vila Itaim volta a ter tradicional alagamento de fim de ano em SP

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    01/01/2016 02h00

    Não foi desta vez que a Vila Itaim, bairro no extremo leste de São Paulo, ficou sem o seu já tradicional alagamento de fim de ano. Na semana do Natal, uma chuva forte fez o Tietê transbordar e inundou as ruas do local, vizinho à várzea do rio.

    A mistura de água e esgoto, escura e com mau cheiro, permaneceu ali por quase uma semana, até quarta (30), quando caminhões da Prefeitura de São Paulo concluíram bombeamento iniciado dias antes. Cerca de 80 casas foram afetadas pela cheia do Tietê em ao menos 14 ruas.

    "Todo ano é assim", diz o administrador Bruno Anselmo, 46. Sua casa é preparada para as enchentes: a cama fica elevada por um piso de cimento, as portas têm comportas de azulejo, gesso e silicone e, durante as festas, a ceia fica sobre um cavalete.

    A sujeira atrai ratos e potencializa o risco de doenças decorrentes da falta de saneamento, como leptospirose, ou as típicas dos meses quentes, tais quais dengue e zika. Nesta semana, equipes da prefeitura foram ao local para desratizar bueiros e orientar moradores quanto à dengue.

    "É irônico", diz Bruno. "Eles falam para a gente não deixar a água empoçar, mas olha isso aqui", diz, ao lado da rua inundada com esgoto.

    Líder comunitário da região, Euclides Mendes, 45, diz que os estragos eram esperados neste ano, outra vez –as inundações ocorrem ali desde 2009, de acordo com ele. Isso porque a região está há anos à espera de uma solução para as enchentes.

    O problema acontece porque as ruas da Vila Itaim estão abaixo do leito do rio. Quando chove forte, a água escorre para as vias.

    INDEFINIÇÃO

    Após anos de enchentes, Prefeitura de São Paulo e governo do Estado chegaram, em 2013, à conclusão do que deveria ser feito: um dique para represar a água do Tietê. Mas a obra ainda está longe de sair do papel.

    Antes, será preciso desapropriar famílias que vivem em ocupações ilegais à margem do rio, para então erguer o dique. A tarefa cabe ao Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão ligado ao governo do Estado.

    Segundo o Daee, o processo de desapropriação começou em 27 de novembro deste ano, quando foi publicado decreto que torna de utilidade pública a região onde ficam os 96 imóveis.

    A negociação está em andamento –em reunião no Ministério Público em novembro, representantes do órgão estimaram levar oito meses para concluir o processo.

    Então, o governo irá abrir licitação para construir o dique. Caberá à prefeitura realocar as famílias, conforme convênio entre as partes firmado no início de 2015.

    A gestão municipal afirma que ainda não começou a realocação, entre outras razões, porque esvaziar a futura área a ser desapropriada poderia resultar em novas invasões naquele local.

    A Subprefeitura de São Miguel afirmou ter drenado todas as ruas alagadas e diz manter serviço de zeladoria no local, como limpeza de ruas, bueiros e galerias, além de limpar córregos da região.

    Vizinhos da Vila Itaim ficam outros dois cenários conhecidos de enchentes: o Jardim Pantanal e o Jardim Romano –ambos, porém, não alagaram desta vez.

    Um dique e galerias de águas construídos ainda na gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) atenuaram a situação nos dois locais. Mesmo quando chove, a água escoa rapidamente.

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