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    Motorista do Uber agredido na zona oeste de SP deixou táxi há 4 meses

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    05/01/2016 12h13 - Atualizado às 18h37

    Arquivo Pessoal
    Motorista do Uber e passageira são agredidos por grupo de taxistas na zona oeste de SP
    Motorista do Uber e passageira são agredidos por grupo de taxistas na zona oeste de SP

    Um motorista do Uber e uma passageira foram agredidos por um grupo de taxistas na madrugada do último domingo (3) na Água Branca, na zona oeste de São Paulo. O parceiro do aplicativo já identificou dois suspeitos. Ele disse ter informado quem são e as placas dos veículos dos agressores à polícia.

    De acordo com o motorista do Uber Rafael Rodrigues Quessada, 22, ele seguia com uma passageira pela avenida Francisco Matarazzo por volta das 3h quando precisou parar em um semáforo em frente à casa de shows Villa Country. "A partir daí, só escutei pancadas no carro. Eles usaram barras de ferro e pedras para nos atacar de todos os lados", relatou à Folha nesta terça (5).

    Sem saída, contou ele, seguiu pela contramão da via durante cerca de 20 metros para escapar dos agressores. Ele e a passageira, que estava sentada no banco de trás do veículo, tiveram ferimentos leves devido a estilhaços de vidros.

    Arquivo Pessoal
    Carro de motorista do Uber fica destruído após ser depredado por taxistas em SP
    Carro de motorista do Uber fica destruído após ser depredado por taxistas em SP

    Quessada disse que trabalhava como motorista de táxi há quatro meses, quando deixou a praça para virar parceiro do Uber. "A intenção deles [taxistas] é colocar medo nos motoristas do Uber e nos passageiros. Mas eu não vou me intimidar. Assim que meu carro sair da oficina na semana que vem, eu volto a trabalhar", afirmou.

    Ele disse que era taxista de frota e pagava R$150 por dia para trabalhar com um Volkswagen Voyage sem ar-condicionado ou direção hidráulica.

    O conserto do seu Honda Civic modelo 2016 –destruído pelos taxistas– vai ficar em R$ 7.000 e será pago pelo Uber. A empresa também vai depositar na conta de Quessada o valor médio que ele lucraria nos sete dias que vai ficar parado aguardando o conserto do veículo. A vítima disse que ainda faltam 24 parcelas para quitar o carro.

    Quessada afirmou que a passageira do carro não quis registrar boletim de ocorrência com ele porque tem medo de represálias. Ela contou que mora na região e passa pelo local do crime quase todos os dias.

    O presidente do sindicato dos taxistas autônomos, Natalício Bezerra, afirmou que um levantamento apontou que nenhum dos suspeitos é sócio da categoria e critica a agressão. "Eu repudio isso. O taxista vê com tristeza essa invasão de clandestinos, e não é com violência que a gente vai resolver", afirmou.

    Já o presidente do Simtetaxis (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de SP), Antônio Raimundo Matias dos Santos, conhecido como Ceará, disse que ainda não identificou os suspeitos porque a categoria estava em recesso.

    Em nota, o Uber informou que "considera inaceitável o uso de violência contra cidadãos que respeitam as leis. Os motoristas parceiros têm o direito de trabalhar honestamente para ganhar seu sustento, assim como os usuários têm o direito de escolher como querem se mover pela cidade."

    OUTROS CASOS

    Em agosto de 2015, a Folha revelou o primeiro caso de agressão a um motorista do Uber em São Paulo. Na época, um motorista também de 22 anos do aplicativo Uber foi sequestrado e agredido por taxistas durante a madrugada no bairro do Itaim Bibi, área nobre da zona oeste.

    Em depoimento à polícia, ele disse ter sido atacado por 20 taxistas e forçado por quatro homens, um deles armado, a entrar em um táxi. Mantido refém por meia hora, ainda levou um soco na boca.

    Em novembro, outro motorista do Uber foi agredido por um grupo de taxistas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O espancamento foi gravado e postado em redes sociais e provocou notas de repúdio inclusive do prefeito da cidade, José Fortunati (PDT).

    Editoria de Arte/Folhapress
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