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    Sem poda adequada, árvores cobrem semáforos e placas de trânsito em SP

    MOACYR LOPES JUNIOR
    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    06/01/2016 02h00

    Na rua Cotovia, em Moema (zona sul de São Paulo), os galhos de uma árvore fecham quase toda a visão de um semáforo à frente, na esquina com a alameda dos Arapanés.

    "Se o trânsito tem risco mesmo quando o motorista tem a visão [do semáforo], sem ela é pior ainda", diz Valdir Oliveira, 56, gerente de um bar na esquina e testemunha de alguns quase acidentes.

    Casos como esse seguem comuns em São Paulo quase seis meses após a prefeitura lançar duas medidas para melhorar o cuidado com as árvores -um convênio para agilizar a análise de pedidos de poda da Eletropaulo e uma ação concentrada nas subprefeituras com mais quedas.

    Em diversas regiões da cidade, a reportagem encontrou galhos e folhas que, por falta de poda, tapam a sinalização e põem em risco a segurança no trânsito.

    Um exemplo está na rua Monte Pascal, na zona oeste. Quem vem em alta velocidade na saída da rodovia Anhanguera tem que se esforçar para enxergar um semáforo encoberto por galhos.

    Em Higienópolis, na rua Piauí, esquina com a rua Bahia, uma placa de proibido parar e estacionar e um semáforo estão obstruídos. "Quem precisa entrar na rua Bahia não consegue enxergar se está verde ou vermelho", diz o técnico de equipamentos de ginástica Cleiton Teixeira, 33.

    MANEJO

    Para o botânico Ricardo Cardim, a situação é reflexo da falta de poda adequada das árvores ao longo dos anos. O ideal, diz, é que houvesse o manejo antes de a árvore crescer por completo.

    Assim, seria possível direcionar a evolução dos galhos e evitar problemas.

    Mas essa técnica, chamada de "poda de formação", não costuma ser aplicada no Brasil -e a poda é feita apenas mais tarde, quando a árvore já está consolidada.

    É o pior cenário, afirma Cardim. "Quando você deixa a árvore crescer e, dez anos depois, passa a motosserra no galho, a árvore se desequilibra -o peso não fica distribuído de forma harmônica."

    Além disso, o método causa "feridas" na árvore que permitem fungos e cupins, diz. "A árvore tende a cair depois."

    "Concordo que [a prefeitura] tem que podar agora, uma vez que o erro está feito, mas, se houvesse planejamento, não chegaria a esse ponto."

    A secretaria de Coordenação das Subprefeituras disse estar em contato constante com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Quando o órgão recebe a informação de que a sinalização foi prejudicada, a prefeitura envia um engenheiro para verificar -e o manejo entra na lista de serviço a ser feito.

    MANUTENÇÃO

    "Vale destacar que, como placas e semáforos ficam em locais mais altos, é necessário que a poda seja realizada com o auxílio de cestos elevatórios ou escadas altas e aos finais de semana para não atrapalhar o trânsito", disse a secretaria.

    A pasta afirma ainda que aumentou em 50% as podas, remoções de árvores e plantio em oito subprefeituras (Sé, Pinheiros, Vila Mariana, Santo Amaro, Ipiranga, Butantã, Lapa e Mooca), de setembro a dezembro (15.376), na comparação com o mesmo período de 2014 (10.312).

    As regiões integram o programa de manejo de árvores criado em agosto. O plano criou 13 equipes a mais para o manejo nessas regiões, que concentram mais vegetação na rua e mais queda de árvores, especialmente no verão.

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