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    mosquito aedes aegypti

    Exames em bebês com microcefalia no RN confirmam infecção por vírus zika

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    12/01/2016 17h41

    Novos exames feitos em dois bebês com microcefalia que morreram após o parto e em dois fetos cujas mães tiveram aborto espontâneo no Rio Grande do Norte tiveram resultado positivo para o vírus zika.

    Os resultados ocorrem após testes feitos pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dos Estados Unidos, um dos órgãos que acompanham as investigações sobre os casos, a partir de amostras encaminhadas por pesquisadores da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

    O novo achado –que se soma a outros três casos 'positivos' para zika, dois de fetos identificados com microcefalia ainda na gestação e um de um bebê do Ceará que morreu após o parto– deve ser divulgado no próximo boletim do Ministério da Saúde, previsto para esta terça-feira (12).

    Segundo o infectologista Kleber Luz, que enviou as amostras, os resultados reforçam a possibilidade de ligação entre os casos de microcefalia e o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

    Esta também é a primeira análise divulgada sobre o vírus em fetos cujas mães sofreram abortos espontâneos nos primeiros meses da gestação.

    A análise ocorreu por meio de testes RT-PCR e de imunohistoquímica, que verificam o material genético do vírus e servem para diagnóstico de doenças infecciosas. "São testes que detectam fragmentos do vírus no tecido", diz Luz. "Isso mostra que não só tiveram infecção como o vírus está onde tiveram a lesão."

    Entre os casos, dois são de bebês diagnosticados com microcefalia e que morreram horas após o parto, e que tiveram amostras coletadas de tecidos do cérebro. Os outros dois são de fetos que estavam próximos da 12ª e 16ª semana de gestação, cujas mães sofreram abortos espontâneos.

    De acordo com Luz, o alerta ocorreu após as mães informarem terem tido manchas vermelhas durante a gravidez, um dos sintomas da infecção por zika.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Os casos também tiveram resultados negativos em testes para outras infecções, como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, HIV, sífilis e dengue.

    OUTROS FATORES

    A discussão sobre a relação entre os casos de microcefalia e o vírus zika vêm sido alvo de dúvidas no país.

    Em São Paulo, pesquisadores que fazem parte de uma força-tarefa liderada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP avaliam a possibilidade de outros fatores, além da ação isolada do micro-organismo, estarem relacionados ao aumento de casos de microcefalia.

    Um dos principais impasses é a falta de testes que possam detectar rapidamente o vírus –até agora, os casos confirmados da ligação com o vírus ocorreram por exames complexos ou com amostras de bebês que morreram após o parto, daí as amostras. Também não há informações claras de quanto tempo o vírus permanece no corpo.

    Para Luz, um dos primeiros a identificar o vírus zika no Brasil, os novos resultados ajudam a confirmar a relação. "São [resultados de] métodos usados para diagnóstico de infecção congênita."

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