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Cotidiano
Friday, 26-Apr-2024 16:59:57 -03Polícia muda estratégia e reprime manifestação contra tarifa em SP
DE SÃO PAULO
12/01/2016 21h16
O segundo ato expressivo contra a alta das tarifas de ônibus, trens e metrô em São Paulo foi marcado pela mudança de estratégia da Polícia Militar, que reprimiu a manifestação de forma mais intensa antes mesmo de haver confronto com "black blocs" e usou bombas para dispensar os participantes.
A polícia decidiu bloquear a avenida Paulista e revistar manifestantes antes do começo do protesto e impedir que eles avançassem pela avenida Rebouças. Após empurra-empurra, lançou bombas de gás que acabou dividindo os grupos por diferentes ruas e provocando correria.
No começo da noite, quatro manifestantes estavam feridos. Bombas de gás também chegaram a ser lançadas em jornalistas e pedestres que não participavam no ato.
A nova estratégia da PM foi adotada depois de a primeira manifestação contra a tarifa, na última sexta-feira (8), ter sido marcada por atos de vandalismo de "black blocs".
Nesta terça (12), a confusão começou quando integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) tentaram seguir pela avenida Rebouças. Um cerco da polícia foi formado impedindo a passagem do grupo.
A PM queria que eles seguissem por outro trajeto, pela rua da Consolação, sob a justificativa de que os manifestantes não informaram a rota com antecedência.
O impasse causou tumulto e alguns manifestantes tentaram furar esse bloqueio. A polícia então, lançou dezenas de bombas de efeito moral e spray de pimenta, provocando correria na Paulista.
O metroviário Eber Veloso Carlos, 28, foi ferido e ficou com a cabeça sangrando. Ele disse ter sido agredido pelo cassetete de um policial. "É a primeira vez que eu apanho gratuitamente", disse ele, que participava do protesto.
A confusão dividiu os manifestantes. Enquanto um grupo seguia pela rua da Consolação, outro caminhava por dentro do bairro de Higienópolis, área nobre da cidade.
Este segundo grupo avançou por dentro de Higienópolis, enquanto adeptos da tática "black bloc" -que prega a destruição de patrimônio público e privado- reviraram uma caçamba de entulho no meio da rua Itacolomi.
Muito lixo foi revirado e alguns sacos foram incendiados pelos manifestantes. A PM perseguiu o grupo e bombas de gás foram lançadas em meio a carros e pedestres.
Segundo o MPL, 28 pessoas teriam se ferido e passado por atendimento em hospitais. A PM informou que oito pessoas foram detidas.
TENSÃO
O ato foi convocado pelo MPL, protagonista dos protestos de junho de 2013. Desta vez, ele quer a revogação do aumento da tarifa de ônibus, metrô e trens pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Neste mês a passagem unitária foi reajustada de R$ 3,50 para R$ 3,80.
Antes do protesto, ao revistar mochilas, policiais prenderam um homem que levava uma corrente e uma tesoura. Ao menos dois outros homens também foram detidos, um deles com um soco inglês.
A Secretaria da Segurança Pública disse que a rua da Consolação estava reservada e não haveria condições de mudança do trajeto. "O planejamento é importante para que seja possível garantir, tanto a segurança dos cidadãos presentes, sejam participantes da manifestação, ou não, bem como para garantir o direito de ir e vir de todos."
O MPL marcou para a esta quinta-feira (14) a próxima manifestação contra a tarifa do transporte público. Desta vez, o movimento irá se reunir em dois locais, no largo da Batata, em Pinheiros, e em frente ao Teatro Municipal, no centro.
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