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    Polícia muda estratégia e reprime manifestação contra tarifa em SP

    DE SÃO PAULO

    12/01/2016 21h16

    O segundo ato expressivo contra a alta das tarifas de ônibus, trens e metrô em São Paulo foi marcado pela mudança de estratégia da Polícia Militar, que reprimiu a manifestação de forma mais intensa antes mesmo de haver confronto com "black blocs" e usou bombas para dispensar os participantes.

    A polícia decidiu bloquear a avenida Paulista e revistar manifestantes antes do começo do protesto e impedir que eles avançassem pela avenida Rebouças. Após empurra-empurra, lançou bombas de gás que acabou dividindo os grupos por diferentes ruas e provocando correria.

    No começo da noite, quatro manifestantes estavam feridos. Bombas de gás também chegaram a ser lançadas em jornalistas e pedestres que não participavam no ato.

    A nova estratégia da PM foi adotada depois de a primeira manifestação contra a tarifa, na última sexta-feira (8), ter sido marcada por atos de vandalismo de "black blocs".

    Nesta terça (12), a confusão começou quando integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) tentaram seguir pela avenida Rebouças. Um cerco da polícia foi formado impedindo a passagem do grupo.

    A PM queria que eles seguissem por outro trajeto, pela rua da Consolação, sob a justificativa de que os manifestantes não informaram a rota com antecedência.

    O impasse causou tumulto e alguns manifestantes tentaram furar esse bloqueio. A polícia então, lançou dezenas de bombas de efeito moral e spray de pimenta, provocando correria na Paulista.

    Mapa: Protesto de 12.jan

    O metroviário Eber Veloso Carlos, 28, foi ferido e ficou com a cabeça sangrando. Ele disse ter sido agredido pelo cassetete de um policial. "É a primeira vez que eu apanho gratuitamente", disse ele, que participava do protesto.

    A confusão dividiu os manifestantes. Enquanto um grupo seguia pela rua da Consolação, outro caminhava por dentro do bairro de Higienópolis, área nobre da cidade.

    Protesto contra a tarifa

    Este segundo grupo avançou por dentro de Higienópolis, enquanto adeptos da tática "black bloc" -que prega a destruição de patrimônio público e privado- reviraram uma caçamba de entulho no meio da rua Itacolomi.

    Muito lixo foi revirado e alguns sacos foram incendiados pelos manifestantes. A PM perseguiu o grupo e bombas de gás foram lançadas em meio a carros e pedestres.

    Segundo o MPL, 28 pessoas teriam se ferido e passado por atendimento em hospitais. A PM informou que oito pessoas foram detidas.

    TENSÃO

    O ato foi convocado pelo MPL, protagonista dos protestos de junho de 2013. Desta vez, ele quer a revogação do aumento da tarifa de ônibus, metrô e trens pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Neste mês a passagem unitária foi reajustada de R$ 3,50 para R$ 3,80.

    Antes do protesto, ao revistar mochilas, policiais prenderam um homem que levava uma corrente e uma tesoura. Ao menos dois outros homens também foram detidos, um deles com um soco inglês.

    A Secretaria da Segurança Pública disse que a rua da Consolação estava reservada e não haveria condições de mudança do trajeto. "O planejamento é importante para que seja possível garantir, tanto a segurança dos cidadãos presentes, sejam participantes da manifestação, ou não, bem como para garantir o direito de ir e vir de todos."

    O MPL marcou para a esta quinta-feira (14) a próxima manifestação contra a tarifa do transporte público. Desta vez, o movimento irá se reunir em dois locais, no largo da Batata, em Pinheiros, e em frente ao Teatro Municipal, no centro.

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