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    Atuação da PM em protesto em SP só teve elogio, diz secretário de Alckmin

    CATIA SEABRA
    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    DE SÃO PAULO

    13/01/2016 10h46

    O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta-feira (13) ter recebido "só elogios à atuação da polícia" para conter protestos na noite de terça-feira (12). Ele disse ainda que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) achou "ótima a alteração da estratégia" para conter os manifestantes.

    "Não serão mais permitidos bagunça, vandalismo e crimes. Os manifestantes precisam cumprir a Constituição e avisar previamente. Caso contrário será a SSP quem definirá o trajeto, para poder transferir linhas de ônibus, retirar o lixo das ruas, e garantir que não haja depredação", disse ele.

    O segundo ato expressivo contra a alta das tarifas de transporte em São Paulo foi marcado pela nova estratégia da polícia, que reprimiu a manifestação com mais intensidade antes mesmo de haver confronto com "black blocs".

    A polícia decidiu bloquear a avenida Paulista e revistar manifestantes antes do começo do protesto e impedir que eles avançassem pela avenida Rebouças. Após empurra-empurra, lançou bombas de gás, o que acabou dividindo os grupos por diferentes ruas e provocando correria.

    Sobre a revista feita nas pessoas, o secretário disse que a medida é importante porque há muitos baderneiros e vândalos infiltrados nas manifestações. "As pessoas que vierem mascaradas, com mochilas ou malas, serão revistadas porque, obviamente, alguém mascarado com mochila não está indo exercer o direito de manifestação, mas está procurando vandalismo. Então, nós vamos exercer o direito que tem a polícia, que é o de garantir a segurança pública."

    ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

    O secretário lembrou ainda o protesto da última sexta (8) em que um grupo de "black blocs" invadiram uma pista da avenida 23 de Maio, cercaram um carro e ameaçaram uma mulher que estava com uma criança no veículo. "Não é possível que o direito de manifestação acabe virando crime. A Constituição garante o direito de quem quer se manifestar e o direito à segurança de quem não quer. Nós vamos conciliar os dois."

    Nesse sentido, o secretário disse que se reuniu com o desembargador de Justiça Paulo Dimas, com o corregedor-geral Manoel Calças para que o Judiciário analise detalhadamente esses casos para que se possa evitar que criminosos infiltrados nos protestos acabem atrapalhando o direito de se manifestar. "Há um trabalho de investigação e já há vários inquéritos instaurados e encaminhados para o Ministério Público, mas é importante colocar que as lideranças do MPL acobertam os 'black blocs'. Eles têm ligação com essas pessoas e isso também será investigado."

    O secretário Alexandre de Moraes afirmou que a polícia continuará a tipificar os casos como dano ao patrimônio público, como agressões e, em se tratando de "black blocs", o "manifestante será tipificado como organização criminosa". Segundo o secretário, desde 2013 a polícia dispõe de imagens, de dados da internet das manifestações que vão ajudar a "constituir em uma organização criminosa que quer o vandalismo, que quer depredar e atacar a polícia".

    VIOLÊNCIA EXCESSIVA

    O MPL (Movimento Passe Livre) acusou a polícia de violência excessiva, disse que houve um "banho de sangue" e que 28 pessoas se feriram e tiveram que ir a hospitais. Questionado sobre críticas a seu trabalho, Moraes afirmou: "Até agora, por parte da população, só elogios à atuação da polícia".

    Em uma entrevista coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, no final desta manhã, o secretário informou que 13 manifestantes foram detidos. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que estava presente no evento, não comentou a ação da polícia na manifestação.

    Além disso, o secretário afirmou que "foi absolutamente necessário o uso das bombas de gás no momento em que os manifestantes e 'black blocs' tentaram romper com violência o cordão de isolamento da polícia. A Consolação estava interditada para a manifestação, mas para causar baderna resolveram investir contra a polícia e tentar invadir a Rebouças".

    O MPL criticou a ação policial que reprimiu o protesto e diz que vai aumentar a resistência. Um novo ato está marcado para esta quinta-feira (14).

    Em nota publicada nas redes sociais nesta quarta (13), o movimento afirmou: "A violência da polícia, que deixou mais de dez presos e dezenas de feridos, mostra a verdadeira política de Alckmin e Haddad: defender o lucro dos empresários a qualquer custo."

    "Da mesma forma, defenderemos nosso direito à cidade e à manifestação. Se a polícia aumenta a repressão, aumentamos a resistência", afirmou o grupo.

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