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    Após parceria para reajustar tarifas, Alckmin e Haddad se estranham

    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    15/01/2016 02h00

    Parceiros na decisão de reajustar a tarifa dos transportes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) acabaram se estranhando devido à repercussão dos protestos nos últimos dias em São Paulo.

    Aliados do tucano dizem que ele ficou contrariado com uma avaliação de Haddad de que a truculência da Polícia Militar só fomenta as manifestações.

    A proposta do petista de buscar a intermediação do Ministério Público com os representantes do Movimento Passe Livre foi criticada pelo governador.

    Alckmin disse a aliados que Haddad manobra para se descolar da crise, apesar de ter articulado a alta conjunta das passagens de R$ 3,50 para R$ 3,80.

    O vice-governador Márcio França disse que "o reajuste da tarifa é dele [Haddad]". "Não dá para tirar casquinha. Se o Haddad quiser, pode revogar."

    Nesta quinta-feira (14), Alckmin insinuou publicamente haver caráter político nas manifestações, ao classificá-las como um "vandalismo seletivo".

    "Manifestação legítima e pacífica é positivo, é nosso dever acompanhar e dar segurança. Outra coisa é vandalismo seletivo. É estranho não ter tido nenhuma manifestação quando a energia elétrica subiu 70%. Não teve manifestação quando a inflação passou de 10%", afirmou.

    AÇÃO POLICIAL

    Haddad, por sua vez, avalia que a atuação da polícia pode alimentar novas manifestações na cidade. Ele expôs seu ponto de vista em uma conversa ao telefone com o governador.

    Segundo o secretário de Governo do município, Chico Macena, o medo é que as mobilizações se alastrem em resposta ao uso de força policial.

    Macena diz que a atuação da PM pode esvaziar eventual atendimento de reivindicações do MPL.

    "Uma situação de confronto e violência é o que pode dar maior fôlego ao movimento. Tanto é que hoje a discussão hegemônica não é da tarifa e, sim, se houve violência policial, se houve depredações."

    Os tucanos dizem que Haddad pretende se livrar do desgaste provocado pelo confronto em ano eleitoral –quando o petista deve tentar a reeleição.

    O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), afirma que o "protesto também é contra Haddad".

    "Não dá para jogar no colo do governador um problema que também é de responsabilidade da prefeitura", disse Capez.

    Essa é a segunda vez que as equipes de Alckmin e Haddad divergem recentemente. No dia 12, a vice-prefeita Nádia Campeão responsabilizou o governo do Estado por enchentes ocorridas no fim de semana. O vice-governador Márcio França reagiu.

    Colaborou THAIS ARBEX

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