Com a notificação de 62 casos suspeitos de zika somente em dezembro, Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) anunciou enfrentar um surto da doença.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (15) pela prefeitura, que prevê ainda que a cidade atinja 60 mil casos de dengue nos seis primeiros meses deste ano.
Também já foram confirmados dois casos de chikungunya nos últimos meses. As três doenças são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Com esse cenário e a perspectiva sombria para 2016, a administração decretou estado de emergência no último dia 6.
DENGUE NO BRASIL - Com 1,6 milhão de casos, país bateu recorde da série histórica
De acordo com o boletim epidemiológico mensal divulgado pela Secretaria da Saúde do município, Ribeirão Preto teve em dezembro 743 casos confirmados de dengue e um de zika.
Mas, com a velocidade de confirmações de casos de dengue em janeiro –60 por dia–, a cidade já considera viver uma epidemia.
Para janeiro, são esperados ao menos 2.230 casos da doença, número que pode chegar a 7.000 em fevereiro e crescer sucessivamente até abril.
O secretário da Saúde de Ribeirão, Stenio Miranda, disse à Folha que o "custo epidemia" deve chegar a R$ 15 milhões, devido à necessidade de contratação de agentes para o combate ao mosquito, exames laboratoriais e medicamentos na rede pública.
Uma verba de R$ 300 mil que seria usada no Carnaval foi transferida para o combate à dengue. O evento carnavalesco foi cancelado –é o terceiro ano seguido que a cidade fica sem a festa.
A prefeitura, como parte da campanha para tentar conter o avanço do Aedes, lançou uma campanha nas redes sociais que gerou polêmica, por simular uma batalha entre o mosquito e Darth Vader, o vilão da saga "Star Wars". Para internautas, o Aedes foi erroneamente colocado no "lado bom da força".
A prefeitura justificou que "diariamente são postadas várias matérias e campanhas de interesse dos munícipes com uma linguagem mais moderna e criativa" e que o objetivo foi mostrar que todos os personagens estão lutando contra o mosquito da dengue.
Em todo o país, o total de casos notificados de dengue chegou a 1,6 milhão no ano passado, recorde desde o início da série histórica, em 1990. Antes, a maior epidemia tinha ocorrido em 2013, com 1,4 milhão de casos.
RISCO
A situação do vírus zika preocupa porque, até novembro, a cidade tinha dez suspeitos, número que chegou a 72 com as 62 notificações do mês passado. Desses casos, quatro foram confirmados, conforme a prefeitura.
A Secretaria de Estado da Saúde informou nesta sexta-feira (15) que, confirmados, há três casos de zika no em todo o Estado, nas regiões de Campinas e São José do Rio Preto. As prefeituras, conforme a pasta, têm prazo de até três meses para enviarem os dados ao governo.
Ainda segundo a secretaria, há quatro casos suspeitos em Ribeirão Preto notificados ao Estado.
EMERGÊNCIA
Outra cidade que decretou emergência em razão da infestação pelo Aedes aegypti foi Barretos (a 423 km de São Paulo), na macrorregião de Ribeirão.
O decreto foi assinado pelo prefeito Guilherme Ávila (PSDB) devido ao risco de epidemia de dengue e casos de chikungunya e zika.
Neste ano, a cidade soma suspeitas de dengue (174), chikungunya (seis) e zika (um).
Editoria de Arte/Folhapress | ||