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    Grupo faz 'ioga delivery' em praias e condomínios no litoral norte de SP

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    ENVIADO ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO

    17/01/2016 02h00

    O encontro era para celebrar o pôr do sol, mas o astro-luz não deu as caras naquela tarde chuvosa em Boiçucanga, praia de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.

    Serelepe, o grupo de ioga que esperava festejá-lo não se fez de rogado. Entre a brisa e a maresia, os corpos iniciaram ali na areia uma sequência de dobrar, alongar, esticar, retorcer —não necessariamente nessa ordem.

    De repente, alguém grita: "Faz um escorpião!".

    Quem rege a postura da turma é a professora Mara Benbassat, à frente do Tândava, coletivo de ioga que privilegia o "contato com a natureza". Celebrar o pôr do sol, mesmo que ele não apareça, é apenas uma entre tantas atividades do grupo.

    Na verdade, a ioga vai aonde é chamada. Ao gosto do freguês, as aulas ocorrem em condomínios, casas de veraneio e pousadas. A Céu Azul, em Boiçucanga, por exemplo, é uma das que mantêm parceria com o estúdio, tanto para aulas individuais quanto para grupos, conta a dona, Zenaide Ferreira da Costa, 48.

    Praias desertas e até ilhas paradisíacas também se convertem em verdadeiros cenários dedicados à disciplina. Afinal, "o sentido mais comum da ioga é unir, religar o ser humano à sua essência", como gosta de explicar Mara.

    Essa conexão, porém, tem lá o seu preço: R$ 40 a aula.

    Se ela ocorre no mar, salta para R$ 200/hora, com direito ao aluguel da prancha para praticar o "sup ioga", ou "stand up paddle yoga", modalidade na qual os movimentos da filosofia indiana são adaptados e executados em cima de uma prancha.

    Tal ação pode acontecer além-mar, em praias desertas longe do burburinho e, assim, "ampliar a conexão com a natureza", diz a professora.

    "Ao ar livre, não existem limitações para treinar", reforça a estudante Amanda, 20, que, além de filha, se define como seguidora da "mestre".

    GINÁSTICA DE VERÃO?

    O Tândava congrega 50 alunos, entre estudantes, empresários, aposentados e veranistas. Aos 52 anos, 27 deles dedicados à ioga, Mara não acredita que a prática indiana —que, vale lembrar, totaliza cerca de 5.500 anos— seja mais uma "tempestade de verão". Independentemente do fluxo de turistas, que chegam e logo, logo vão embora, a disciplina é algo bem diferente do que o modismo atual faz parecer.

    É claro que, para sair por aí exibindo seu escorpião, uma aulinha de verão não basta. Não se torna um "yogin", praticante de "yoga", da noite para o dia.

    Lucca Girotto, 16, sabe bem disso. O estudante pratica ioga há um ano e sete meses.

    Só para "controlar o escorpião, foram mais de seis meses de muita dedicação", diz.

    A propósito: a posição de escorpião está entre as melhores para abrir e alongar músculos dos quadris, abdômen e peito, tarefa considerada avançada e que "requer boa dose de equilíbrio e força nos braços e no tronco", explica Amanda, uma "expert" na posição —em que o praticante fica de ponta cabeça, curvado e apoiado só no antebraço.

    De férias, a comerciante Gilzana Faria, 31, ficou encantada com o que viu na areia. "Só de assisti-los, minha mente relaxou. Parece que senti meus músculos se alongarem."

    Questionada se teria interesse em tentar alguma daquelas posições, como a impressionante escorpião, a comerciante deixou a latinha de cerveja de lado e correu para o mar. "Vou ali dar um tibum para ver se me animo."

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