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    Secretário da Segurança e mãe de jovem ferido por bomba em ato se encontram

    EMILIO SANT'ANNA
    DE SÃO PAULO

    20/01/2016 02h00

    Uma semana após seu filho ser ferido pela explosão de uma bomba durante protesto contra o aumento da tarifa do transporte público, na avenida Paulista, a professora da PUC e jurista Ana Amélia Mascarenhas Camargos encontrou-se com o secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes nesta terça-feira (19).

    Gustavo Mascarenhas Camargos Silva, 19, teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba de gás lacrimogêneo atirada pela Polícia Militar e precisou ser internado no Hospital Albert Einstein, onde passou por uma cirurgia de implante ósseo.

    A reunião foi intermediada pelo professor de direito da Faculdade de Direito da USP Otávio Pinto e Filho, amigo de Moraes e Ana Amélia.

    Segundo a mãe do jovem, ela disse ao secretário que espera por um pedido de desculpas formal do Estado aos feridos por policiais durante a manifestação e que não estavam depredando bens públicos ou privados. "Ele reconhece que houve feridos e sobre o pedido de desculpas afirmou que conversaria com o governador, mas não reconheceu que houve excessos."

    Ana Amélia diz que Moraes foi cortês e se mostrou preocupado com a violência nos protestos organizados pelo MPL (Movimento Passe Livre).

    Arquivo Pessoal
    Gustavo Mascarenhas teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba
    Gustavo Mascarenhas teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba

    À professora da PUC, o secretário afirmou que uma das causas é a falta de diálogo com o MPL, que não divulga seu itinerário antes das manifestações e não se posiciona de forma mais forte em relação a presença de black blocs durante dos protestos –o que o obriga a pasta a aumentar o efetivo policial presente a esses atos em relação a outras ocasiões.

    Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirma que durante o encontro, Moraes apresentou estudos que serão levados à comissão anunciada na última segunda-feira (18) pelo Ministério Público –que pretende regulamentar a organização de manifestações.

    Presente à reunião, Pinto e Filho afirma que Moraes "foi muito claro ao dizer que não quer que nem os 'black blocs' fiquem feridos nas manifestações", mas acha que é importante o Estado pedir desculpas às vítimas.

    O professor de direito da USP tem uma filha de 21 anos que estaria no protesto desta terça-feira (19) do MPL. "Tranquilo nunca fico, porque não se sabe o que pode acontecer", afirma.

    Gustavo, que não foi ao encontro com o secretário, passará dois meses com o polegar imobilizado. Recém-aprovado em arquitetura, ele ainda não sabe como fará para cursar as aulas do início do curso na Escola da Cidade.

    Após o encontro com o secretário, Ana Amélia afirmou que ainda pretende processar o Estado.

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