Para fugir de filas de recarga do Bilhete Único e das bilheterias na estação Barra Funda do Metrô, zona oeste, passageiros estão recorrendo a ambulantes que têm cartões do Bilhete Único Diário e cobram R$ 4 por passagem.

Nas filas, a espera chega a 40 minutos. A estação está sem postos de autoatendimento há mais de um mês.

A reportagem presenciou, nesta quarta-feira (20), ao menos oito jovens abordarem passageiros. Por R$ 4, eles ofereciam emprestar um cartão para o "cliente" passar na catraca. Depois, o cartão seria devolvido para o ambulante.

Um deles disse faturar em média R$ 40 por dia com o esquema, que começou há cerca de um mês. Ele afirmou que compra o Bilhete Único Diário por R$ 16 nos postos da SPTrans (São Paulo Transporte). O cartão dá direito a viagens ilimitadas em um período de 24 horas. Depois, vende a passagem R$ 0,20 mais cara do que o oficial (R$ 3,80).

No fim da tarde de quarta, passageiros esperavam em média 40 minutos para comprar a passagem convencional na bilheteria do metrô e cerca de meia hora para recarregar o Bilhete Único no guichê de atendimento. A demora tem sido recorrente, disseram.

	Rubens Cavallari/Folhapress
	Fila para recarga do Bilhete Único no terminal Barra Funda (zona oeste) chega a 40 min. de espera

Sergio Rezende, 22, não pôde aguardar na fila e pagou os R$ 4 para ir mais rápido para casa. "Moro em Interlagos (zona sul) e preciso chegar em casa e correr para o outro emprego", disse o técnico em ar-condicionado.

A representante comercial Ester Mendonça, 25, também recorreu ao esquema. Ela precisava chegar na casa de parentes pois seu carro havia quebrado. "Acho ruim pagar mais, mas não podia ficar 40 minutos na fila."

A SPTrans afirmou que considera a ação uma fraude, pois o Bilhete Único Diário é pessoal e intransferível. Disse ainda que trabalha diariamente para coibir este tipo de fraude e que tem investido em apoio tecnológico para coibir irregularidades em cartões com direito a gratuidades e descontos.

Segundo a SPTrans, a fiscalização no interior das estações do Metrô é de responsabilidade das empresas.

O Metrô disse, por meio de nota, que seguranças fazem rondas em todas as estações para coibir o comércio irregular. A companhia também recomenda que a compra e recarga dos bilhetes seja feita nas bilheterias ou nos postos credenciados pela SPTrans.