• Cotidiano

    Monday, 29-Apr-2024 04:34:52 -03

    SP, 462 anos

    Planos importados que influenciaram SP tomam novos rumos

    LUCAS NEVES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

    25/01/2016 02h00

    Juliana Russo
    Ilustração mostra como será São Paulo do futuro de acordo com planos oficiais
    Ilustração mostra como será São Paulo do futuro de acordo com planos oficiais

    Vários projetos de mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável que apontam para o futuro de São Paulo levam DNA europeu.

    O sistema de aluguel de bicicletas, por exemplo, criado em 2012 e hoje com 2.750 bikes, tem como "ancestral" o dinamarquês Bycyclen, lançado em 1995 em Copenhague. Na década seguinte, a iniciativa seria replicada em todo o continente europeu.

    A partir de 2013, o dispositivo escandinavo incorporou bicicletas elétricas com tablets que sugerem rotas.

    Outra medida "importada" é a interdição temporária de grandes eixos de circulação, como tem acontecido na avenida Paulista aos domingos.

    Há registros de operações "domingos sem carros" na Europa já no fim dos anos 1950. Nos anos 1970, elas chegariam a São Paulo como "ruas de lazer", enfraquecidas nas décadas seguintes.

    Reavivadas na Europa em 1998, na primeira Jornada sem Carro continental, hoje amargam esvaziamento: o número de cidades participantes caiu de 1.737 em 2002 para 1.191 em 2015.

    O "portfólio" europeu inclui apostas que ainda parecem ficção científica numa cidade como São Paulo. O sistema de empréstimo de carros elétricos, por exemplo, já tinha no fim da década passada 80 mil cadastrados na Suíça, onde está mais enraizado.

    ADIANTE
    Como próximos passos possíveis, destaca-se a revitalização de margens de rios em Londres (criação de uma área para pedestres e ciclistas dotada de ampla oferta cultural em Southbank) e Paris (suspensão do tráfego em 3,3 km da orla direita do Sena prevista para 2016).

    Dos EUA, vieram os parklets, nascidos em São Francisco com piqueniques em vagas de carros. A cidade californiana agora instala suas "plazas", que fazem uma quadra inteira virar praça.

    "Simplesmente copiar modelos estrangeiros não serve", alerta o arquiteto Olivier Raffaelli, do escritório Triptyque, que atua no Brasil e na França. "Pode-se pegar fragmentos deles. Mas é preciso sobretudo inovar, porque os problemas e o tamanho de São Paulo obrigam a isso."

    Se fosse para adaptar um projeto específico, Raffaelli sugeriria uma releitura paulistana do "Reinventar Paris", por meio do qual a prefeitura recebeu propostas para repaginar 23 propriedades (de terrenos a palacetes). Quanto maior o grau de inovação do plano, mais baixo ficava o valor para aquisição do bem.

    "Isso deveria ser feito em São Paulo. Mas antes deve-se recriar a capacidade de diálogo com a iniciativa privada. A cidade foi deixada nas mãos da especulação imobiliária porque muitos urbanistas se recusavam a fazer essa ponte, tratando o privado como encarnação do mal", diz.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024