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    Vereadores acusados de usar verbas em festas com prostitutas são afastados

    DANIELE BELMIRO
    DE SÃO PAULO

    26/01/2016 19h15

    Cinco vereadores e quatro servidores da Câmara Municipal de Rosana (SP), incluindo o presidente da casa, Roberto Fernandes Moya Júnior (PSDB), foram afastados da função pública após denúncia do Ministério Público Estadual sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro público.

    Segundo a denúncia do promotor Renato Queiroz de Lima, a quadrilha desviava dinheiro de diárias de viagens oficiais. A maioria das viagens declaradas não era realizada, e a verba de parte delas foi usada para bancar festas regadas a bebidas e prostitutas.

    A Promotoria acusa os réus dos crimes de peculato e associação criminosa, além de ato de improbidade administrativa.

    A acusação alega que os denunciados solicitavam verbas para cobrir os gastos de hospedagem em quartos individuais, mas ficavam todos juntos no mesmo quarto e embolsavam o dinheiro economizado, o que caracteriza crime de peculato. Em outras ocasiões, os acusados se apropriavam do dinheiro para a passagem de avião e viajavam em veículo oficial.

    Em uma ligação registrada por escuta telefônica, Moya Júnior relata ao servidor Alan Patrick Ribeiro Correia que ele e o servidor Edison Alves da Silva tinham se relacionado com dez mulheres durante uma viagem oficial a Brasília realizada em abril de 2015.

    Segundo a Promotoria, em vez de fazer a viagem política para a qual tinham recebido as diárias adiantadas, os denunciados foram para uma cidade de Goiás, onde participaram de uma "orgia com prostitutas, tudo sendo pago com o dinheiro público" que lhes tinha sido confiado.

    No áudio, o presidente da Câmara conta, ainda, que eles ficaram sem dinheiro para voltar a Rosana. Um deles perdeu mais de R$ 1.500 de dinheiro público, que teria sumido da sua carteira durante uma festa.

    Além de intercepções telefônicas, a acusação se baseou em "considerável relação de dados e elementos" que evidenciam a prática criminosa.

    Nesta segunda-feira (25), a Promotoria e a Polícia Civil deram início à Operação Devassa, na qual realizaram buscas nas residências dos acusados, para apreender celulares e notebooks.

    A denúncia menciona "enormes gastos" no período de 2013 a 2015, mas não especifica o valor total desviado. Somente Moya Júnior teria feito 57 viagens nesse esquema, e o servidor Eduardo dos Santos Sales teria auferido R$ 20 mil entre 2014 e 2015.

    A mulher de Moya Júnior, Aline Rosa Aparecida Moraes, também foi denunciada. O Ministério Público apresenta um comprovante de depósito de R$ 3.750 em sua conta bancária. O dinheiro, relativo a diárias de viagem do presidente da Câmara, tinha sido solicitado por ele e aprovado pelo servidor Jose Francisco dos Santos, acusado do crime de prevaricação.

    A reportagem tentou contato com a Câmara Municipal de Rosana, sem sucesso.

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