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    Violência restringe debate, diz Haddad sobre 'guerra' entre taxistas e Uber

    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    DE SÃO PAULO

    03/02/2016 14h35

    O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quarta-feira (3) que a violência é antidemocrática, restringe o debate, e que é preciso ter uma regulamentação do aplicativo Uber.

    "A violência é sempre uma coisa antidemocrática porque restringe a discussão e, como a discussão está aberta, nós temos que aproveitar esse momento para chegar a um entendimento", disse.

    A fala do petista é em referência ao acirramento da disputa entre taxistas e motoristas do Uber, que se intensificou na última quarta (28), quando carros de motoristas do aplicativo foram depredados diante de um hotel nos Jardins (zona oeste), onde ocorria uma festa da revista "Vogue". Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 11 motoristas do Uber prestaram depoimento na segunda (1°) para relatar agressões e danos sofridos na ocasião.

    Reportagem da Folha, desta quarta, mostra áudios enviados em grupos de até cem taxistas no Whatsapp que ensinam como os profissionais devem agir em ataques contra Uber sem que categoria seja responsabilizada pelas ações.

    Chello Fotógrafo/Futura Press/Folhapress
    Taxistas provocam tumulto ao abordar carros pretos que param em frente ao hotel Unique, nos Jardins
    Taxistas provocam tumulto ao abordar carros pretos que param em frente ao hotel Unique, nos Jardins

    "Está faltando estratégia. Nós vamos ter de entrar numa fase de guerrilha. Fazer guerrilha contra os caras. Delícia. Que nem o caça-fantasmas, vamos montar o caça urubu", diz um taxista em São Paulo.

    Haddad disse que esse acirramento não representa a categoria e que os taxistas envolvidos nesses casos de agressões serem punidos com a perda de alvará. "A categoria entende que a municipalidade está buscando uma alternativa que respeite o trabalho deles, mas abre espaço a modernização. É isso que estamos tentando construir. Estamos fazendo isso em diálogo com eles e com a sociedade de maneira geral. Ninguém está impondo nada a ninguém."

    O prefeito lembra que o projeto de São Paulo virou alvo de análise de especialistas e que todos estão em busca de uma alternativa de regulação que seja favorável à cidade. "O modelo de São Paulo foi muito bem recebido de uma maneira geral. Tenho lido artigos da imprensa internacional, inclusive especialistas do Banco Mundial, dizendo que a cidade está no caminho certo: de não deixar livre mas não proibir. Você criar um ambiente em que ele seja incorporado sem prejudicar os serviços tradicionais da cidade."

    Para o petista, o entendimento que está se firmando é de que, sem prejuízo de assimilar novas tecnologias para melhorar os serviços da cidade, o Poder Público tem que regular. "Trinta dias atrás estava se discutindo o Uber no mundo, hoje está se discutindo a regulação do Uber. Essa decisão vai na direção do que estamos defende desde sempre. Melhor regular para proteger um serviço que hoje está sofrendo concorrência predatória, e que também não é muito justo. A melhor maneira de modernizar a cidade é estabelecer uma regulação apropriada que protege o serviço tradicional sem proibir a inovação que pode trazer benefício para cidade, mas com cautela."

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