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    mosquito aedes aegypti

    América Latina fará compra de remédio para síndrome ligada à zika

    LUCIANA DYNIEWICZ
    ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

    03/02/2016 19h11 - Atualizado às 19h52

    Doze países da América Latina deverão passar a comprar conjuntamente medicamentos caros como os usados no tratamento da síndrome de Guillain-Barré –doença neurológica associada ao vírus da zika.

    A decisão foi tomada em uma reunião dos ministros da Saúde realizada nesta quarta-feira (3) em Montevidéu, no Uruguai.

    O encontro fora pedido pela presidente Dilma Rousseff para determinar uma ação conjunta no combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

    Entre as medidas que serão adotadas também estão a criação de um grupo emergencial para monitorar se as recomendações estão sendo seguidas e a capacitação recíproca de profissionais para realizar o diagnóstico.

    Editoria de Arte/Folhapress

    TESTE ÚNICO

    O ministro brasileiro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou, após a reunião, que o governo começará a distribuir até o fim deste mês o teste único para detectar zika, dengue e chikungunya. Hoje, é preciso fazer um exame para investigar cada doença.

    Em janeiro, a projeção da pasta era que o teste não estaria disponível no curto prazo. Castro, no entanto, disse que o exame já foi desenvolvido pelo instituto Bio-Manguinhos e que está em fase de produção.

    O teste, cujo diagnóstico deverá sair até três horas após a coleta de sangue, será distribuído pelo SUS.

    As doenças, porém, só serão reconhecidas em suas fases agudas –quando o vírus está circulando pelo sangue.

    Passado esse período, seria possível identificar enfermidades apenas com um teste sorológico (que detecta os anticorpos), o que ainda não existe no Brasil. Nesta terça (2) a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu aprovar o registro de dois testes desse modelo -um deles capaz de detectar o vírus meses após a infecção.

    Questionado pela Folha sobre a possibilidade de legalizar o aborto em caso de fetos com microcefalia, Castro afirmou que a posição do ministério é de cumprir a legislação brasileira -que não permite o aborto nesses casos, mas que o governo está aberto ao diálogo.

    "Achamos que todo país democrático não pode restringir nenhum debate, sobretudo aqueles de interesse da sociedade."

    Segundo Castro, a questão foi levantada na reunião por alguns países de "forma individual", não chegando a haver uma discussão ampla sobre o assunto.

    O ministro ainda afirmou que, durante a Olimpíada, os turistas receberão o mesmo procedimento dos brasileiros: divulgação da "grande gravidade" da epidemia e sobre a necessidade de se proteger.

    Castro ainda disse que a situação das doenças no país está "sob controle". Há pouco mais de uma semana, porém, ele havia gerado polêmica ao afirmar que o Brasil estava perdendo "feio" no combate ao mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya.

    O Ministério da Saúde não tem o número total de casos com zika, mas informa que já são 404 casos confirmados de recém-nascidos com microcefalia. Desse total, 17 com exame positivo para o vírus zika. Há ainda 3.670 casos em fase de investigação.

    Castro disse não ter dúvidas na correlação positiva entre o vírus da zika e os casos de microcefalia. "A única resposta que não temos é se o vírus é suficiente para desencadear a má-formação ou se há outro fator associado."

    A diretora Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa Etienne, no entanto, afirmou que ainda não é possível identificar o vírus como causador de microcefalia.
    Segundo ela, também não se pode ter um número exato de pessoas que tiveram zika, pois apenas uma em cada quatro costuma apresentar sintomas.

    "[Mas] antecipamos que até 4 milhões de pessoas serão infectadas [até o fim de 2016]."

    Etienne acrescentou que ainda não há provas de transmissão de zika por contato sexual.

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