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    mosquito aedes aegypti

    Governo faz mutirão contra a zika, e Dilma critica herança maldita

    ARTUR RODRIGUES
    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA
    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE
    MARCELA BALBINO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RECIFE
    MARCO ANTONIO MARTINS
    DO RIO

    13/02/2016 08h49

    A presidente Dilma Rousseff (PT) disse neste sábado (13), em ação de combate ao mosquito transmissor do vírus da zika, que o país viveu "décadas de abandono" no saneamento público.

    Ela visitou uma favela em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, para lançar a campanha nacional de mobilização contra o Aedes aegypti.

    A ação ocorre em mais de 350 cidades do país e conta com 220 mil integrantes das Forças Armadas, além da presença de ministros em diversos municípios.

    "No passado, ganhamos a guerra contra a febre amarela e agora vamos ganhar a guerra contra o vírus da zika. Estamos correndo atrás de décadas de abandono na questão do saneamento", disse.

    A presidente usava um boné e uma camiseta com a inscrição "Zika zero". "Estamos em busca de uma vacina, mas enquanto isso vamos a rua eliminar esse mosquito. Ele não pode viver", afirmou.

    "A campanha é pelo aumento da conscientização de cada um. Sozinhos não damos conta se a população não nos ajudar. Para todos nós sermos saudáveis, o mosquito da zika não pode nascer", acrescentou a presidente.

    Ao lado do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do prefeito Eduardo Paes (PMDB), a presidente caminhou pela favela do Zeppelin, comunidade de 7.000 moradores próxima à base aérea de Santa Cruz.

    No momento em que ela iniciava a visita, assessores da Presidência ainda cuidavam de uma operação de maquiagem iniciada na véspera. Segundo moradores, um terreno abandonado foi limpo e faixas eram penduradas nas casas das pessoas.

    "Começaram a fazer coisas que nunca fizeram aqui. Ontem limparam o terreno. A vinda dela serviu para isso", comentou a dona de casa Diana Amorim Gonzalez, 20, que teve zika há um mês.

    De volta à Brasília, a presidente visitou o centro de monitoramento nacional das iniciativas contra o vírus da zika. Dilma disse estar confiante de que o país reduzirá os casos de infecção e avaliou a mobilização deste sábado (13) como um "sucesso".

    "Foi um sucesso, mas é só o início. A gente tem de persistir ainda, mas tenho absoluta confiança no nosso povo", disse.

    Em Belo Horizonte, o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) disse que não haverá cortes no orçamento deste ano para combater a epidemia. "Nós vamos cortar em outras coisas", afirmou, sem detalhar valores.

    Acompanhado do prefeito da capital mineira, Marcio Lacerda (PSB), e de agentes de saúde, Barbosa visitou três casas de um bairro de classe média da cidade.

    Nas seis primeiras semanas de 2016, foram identificados 2.300 casos de dengue em Belo Horizonte. Outros 7.000 são investigados. Não houve registros de zika e chikungunya.

    PRESENÇA MILITAR

    Em Pernambuco, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo, participou do evento ao lado de cerca de 1.500 militares. Durante entrevista, ela disse que o objetivo de colocar os soldados na rua era de cooperar e não de inibir as pessoas.

    "Estamos indo às ruas para chegar a população e convencer que cada pessoa tem que fazer a sua parte. Se a população não se engajar, não vamos conseguir realizar o combate, porque dois terços dos criadouros estão dentro das casas", disse.

    A escolha pelo sábado, segundo ela, não é ocasional. O governo optou pela data pelo fato de ser o dia quando as famílias estão em casa.

    Em São Paulo, com a presença do ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), o prefeito Fernando Haddad (PT) participou de nebulização com veneno em casas em Guaianases, na zona leste, onde foram detectados focos dengue.

    Na ocasião, o prefeito anunciou que a cidade utilizará, a partir da próxima semana, um drone para ajudar no mapeamento de focos de contaminação do Aedes aegypti. Equipes recorrerão ao aparelho onde houve detecção de casos e em casas fechadas.

    "O drone é a exceção. A regra é a visita. Tem um foco ali e a casa está fechada, não se localiza o dono", disse o prefeito.

    Em Santana, na zona norte, militares abordaram moradores na porta das casas. De acordo com o coronel Marcos Ribeiro, chefe do serviço regional de saúde do IV Comar, os militares vão começar nesta segunda (15) a entrar nas residências com agentes de saúde para efetivamente atacar os criadouros do mosquito.

    CONFUSÃO

    Com calça jeans e camiseta pólo, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, passou quase desapercebido pelos moradores de Brazlândia (DF), onde participou do dia nacional de mobilizações contra o vírus.

    Confundido com o ministro da Saúde, ele visitou uma residência, teve de ser apresentado em uma borracharia e evitou a todo custo falar sobre política econômica.

    "Não conheço. Ele é o ministro da Saúde, né?", questionou o servidor público Elivaldo Vieira da Silva, 56. A confusão também foi feita pela dona de casa Rita de Cassia Batista, 30. "Sei quem é. É o ministro da Saúde", disse.

    O ministro ficou cerca de duas horas na cidade, região administrativa que tem apresentado o maior número de ocorrências de dengue no Distrito Federal.

    A mobilização, segundo o Governo Federal, faz parte do plano criado para enfrentar o mosquito e a microcefalia. Caracterizada por uma má-formação cerebral, a doença é associada ao vírus zika, transmitido pelo Aedes.

    462 casos de microcefalia confirmados no país e 41 deles tiveram resultado positivo para o zika em novos testes, o que reforça a suspeita de que estejam relacionados a uma infecção pelo vírus. Os demais ainda não tiveram os resultados divulgados.

    Vírus da zika

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