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    mosquito aedes aegypti

    Doentes chegam a esperar 10 horas por assistência no Recife

    KLEBER NUNES
    DO RECIFE

    16/02/2016 02h00

    Com febre alta e inchaço e dores nas articulações, a babá Amanda Brunelly Pereira, 26, saiu de casa às 20h deste domingo (14) em direção à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Solano Trindade, no Recife, mas acabou voltando sem consulta.

    "Só estavam atendendo pacientes muito graves. Mandaram procurar outras unidades", contou. Amanda foi para casa e, às 6h desta segunda (15), retomou a via-crúcis. Com dificuldade para andar, procurou a urgência do Hospital Professor Barros Lima.

    "Depois de uma hora esperando, me disseram que não tinha previsão de atendimento porque o médico do plantão não havia chegado. Então sugeriram que eu viesse para a UPA da Caxangá", disse.

    Ali, finalmente, Amanda foi atendida -mas somente após oito horas de espera. "Pelos sintomas, o médico confirmou o quadro de chikungunya, deu dipirona e fui liberada. Vamos ver se vou melhorar", disse a babá.

    Epicentro dos casos de microcefalia relacionados ao vírus da zika, Pernambuco está com as unidades de urgências lotadas de pessoas com sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Além de peregrinar de uma unidade a outra, os pacientes esperam até dez horas para ser atendidos na capital.

    O aposentado Elias Manoel de Souza, 76, que levou a filha e dois netos com sintomas de chikungunya à UPA Escritor Paulo Cavalcanti, saiu de lá com um folheto que trazia os telefones de 12 UPAs e de um hospital e a recomendação, grafada em negrito: "Ligar antes para confirmar o atendimento".

    No setor de emergência, a situação é ainda pior. Pacientes se amontoam em recepções sem ventilação, corredores e até do lado de fora.

    Sabendo da superlotação, pacientes como o tratorista Ivanildo Tertuliano, 40, adiam a consulta o máximo possível. Após três dias com febre e dor nas articulações, ele foi à UPA da Caxangá.

    "Sabia que estava assim. Onde moro, muita gente com dengue ou chikungunya esperou horas para ser atendido. Só que hoje não estou aguentando de dor", disse, enquanto aguardava na calçada.

    A auxiliar de serviços gerais Soraia Nascimento, 37, perdeu um dia de trabalho no Hospital Geral de Areias. Chegou às 11h30 de quarta (10) e só foi atendida perto das 22h.

    "Me deram dipirona, um atestado médico de dois dias e mandaram para casa. As dores nas articulações e a febre persistem. Voltei para pegar outro atestado, não posso trabalhar assim", afirmou.

    Procurada, a direção do Hospital Geral de Areias reconheceu, em nota, a superlotação da unidade e informou que está dialogando com a secretaria estadual de Saúde para ampliar o quadro de profissionais.

    As UPAs Solano Trindade e Escritor Paulo Cavalcanti, geridas por organizações sociais, não se pronunciaram. A secretaria de Saúde do Recife também não comentou.

    Editoria de Arte/Folhapress
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