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    Católicos fazem 'jejum' de redes sociais na Quaresma

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    17/02/2016 02h00

    Católico fervoroso e "pai babão", o administrador Paulo Roberto Júnior, 29, não poderá postar fotos do filho recém-nascido no Facebook até a Semana Santa. Neste ano, além de não consumir carne vermelha nem refrigerante durante a Quaresma, o morador de Uberaba (MG) faz um "jejum" de redes sociais.

    Se depender dele, não haverá curtidas, comentários nem textões no período de 40 dias que começa após o Carnaval, sagrado para os cristãos e conhecido pelas restrições feitas em nome da fé.

    "Além de ser uma penitência, já que vou abdicar de algo que uso muito, vai me trazer paz, porque fico muito nervoso quando leio opiniões com que não concordo escritas por alguns amigos", diz.

    Tarso Sarraf/Folhapress
    PA â€" DIABOZAP-FREI-IGREJA-***FOTO EMBARGADA PARA VEICULOS DO ESTADO DO PARA*** Frei Arilson Lopes, da Paroquia dos Capuchinhos, em Belem, PA, sugere aos fieis da igreja catolica que passem 40 dias sem whatsapp e facebook, como penitencia da quaresma. Segundo ele, as redes tem atrapalhado o convivio social e contribuido para traicoes e a dissolucao das familias, o que ele chama de DiaboZap. Foto: Tarso Sarraf *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Frei Arilson Lopes, de Belém (PA), sugere aos fiéis que passem a Quaresma sem redes sociais

    O administrador não está sozinho. A tentativa de se desconectar durante a Quaresma conta com a bênção de padres, que pedem aos fiéis que abandonem os vícios nessa época do ano, desde o álcool até a televisão.

    Na igreja que Júnior frequenta, o esforço é visto como positivo, mas não obrigatório. Já na paróquia de São Francisco de Assis (Capuchinhos), em Belém, o sacerdote se manifestou a favor do "jejum tecnológico".

    "Antes, eu recomendava aos fiéis que deixassem de ver novelas na Quaresma, depois pedi que não usassem o Orkut e neste ano incluí o Facebook e o WhatsApp", afirma o frei Arilson Lopes, pároco de Capuchinhos.

    A pregação contra as redes sociais foi feita durante a homilia (o sermão) da missa de Quarta-Feira de Cinzas. Para o frei, o WhatsApp incentiva a infidelidade e separa as famílias. "Todo mundo chega em casa e deixa de se comunicar porque passa o tempo todo no celular", afirma.

    Apesar das reclamações e de ter apelidado o aplicativo de "Diabozap", ele não deixou de usá-lo -a reportagem trocou mensagens com o frade antes de fazer contato telefônico. "Mas eu só uso para evangelizar", justifica.
    Ele diz que vários fiéis aceitaram o desafio e que aguardará a Páscoa para perguntar se eles conseguiram resistir à tentação por todo o período.

    Em Santarém (PA), a dona de casa Raimunda Girlene, 41, se impôs o "sacrifício" e tem conseguido cumpri-lo. "Ano passado eu fiquei sem WhatsApp somente na Semana Santa; este ano vou ficar por 47 dias." Segundo ela, a economia feita com o pacote de dados será doada à Campanha da Fraternidade.

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