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    Parque tem maior evento de surdos da América Latina

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    22/02/2016 02h00

    Pessoas surdas de diversas partes do Brasil promoveram no último sábado (20), no parque Burle Marx, zona oeste de São Paulo, o maior evento de troca de informação e confraternização da América Latina de pessoas com deficiência auditiva e que adotaram o implante coclear .

    Para a organização do encontro, cerca de 600 pessoas passaram pela festa, que tinha como meta também divulgar a tecnologia do dispositivo colocado na parte interna da cabeça (na cóclea) e que estimula a audição.

    Os resultados variam de pessoa para pessoa e têm potencial mais promissor em crianças e pessoas com "memória auditiva": que ouviu em algum momento da vida. A dentista Alexandra Mottola Tavares, 34, é surda oralizada –faz leitura labial e tem fala desenvolvida– e foi ao encontro com a filha Maria Paula, 4, que fez o implante há um ano e meio.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    O 'coach' Joaquim Barbosa, 36 (à dir.), que fez implante coclear há cinco anos e veio de Brasília para participar do evento
    'Coach' Joaquim Barbosa (à dir.), que fez implante coclear há cinco anos e veio de Brasília para evento

    A garota herdou da mãe a surdez em decorrência de uma síndrome congênita rara (waademburg) e após a cirurgia desenvolveu sua comunicação e interação. "Vim ao encontro porque tinha alguns medos do procedimento. Saio daqui mais segura. Não vou fazer o implante por mim, mas por minha filha. Poderei ser uma mãe mais atenta às demandas dela", diz Alexandra.

    SEM GRACINHAS

    Parte importante do público do evento era formada por crianças. Em várias delas, como Diego Martins Silva, 6, era quase impossível descobrir alguma diferença sensorial ou algo "fora dos padrões" não fossem as partes externas do implante, que captam o som e levam até a cóclea.

    Ele foi o primeiro bebê no Brasil bi-implantado, com o equipamento nas duas cócleas. O SUS só arca com um dos dispositivos. Aos sete meses, ele só tira o aparelho para tomar banho e dormir. Mesmo conseguindo ouvir perfeitamente, ele desenvolveu a leitura labial.

    Para Diego, "a única coisa chata do aparelho é que os colegas da escola, às vezes, ficam de gracinha. Querem que eu desligue e fique adivinhando o que eles falam fazendo a leitura dos lábios."

    Enfrentando uma viagem de 14 horas de Brasília a São Paulo, o "coach" Joaquim Emanuel Barbosa, 36, implantado há cinco anos, afirma que o encontro é uma forma de ampliar a "identificação das pessoas surdas". "É uma troca de experiência e de interação fundamental. Valeu ter vindo."

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