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    Rio de Janeiro

    Ladeira de área boêmia do Rio usa muros como galeria a céu aberto

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    23/02/2016 02h00

    Residencial, estreita, íngreme e de paralelepípedos, a Ladeira do Castro é uma via escondida em meio ao caos da Lapa, no centro do Rio. Poucos sabem que ela liga dois dos bairros mais turísticos e boêmios da cidade, Santa Teresa e Lapa.

    O grafiteiro e designer carioca Cazé quer aproveitar a localização e os muros intactos das casas da ladeira para fazer dela uma galeria a céu aberto e um corredor cultural. Desde novembro passado convida grafiteiros a ocupar os muros com pinturas.

    "Um dia, pintando na esquina da ladeira, olhei para cima, vi as paredes vazias e me dei conta do potencial que tinha ali", diz o grafiteiro, que há quatro anos espalha seu alter ego, o personagem Barbudinho, pelo bairro da região central do Rio.

    Até agora, 30 artistas já participaram da empreitada. "Já pintamos mais ou menos 70% da rua", diz Cazé.

    Ricardo Borges/Folhapress
    Galeria de grafites em rua da Lapa, no Rio
    Galeria de grafites em rua da Lapa, no Rio

    A ladeira começa na rua Riachuelo, na Lapa -via agitada, com trânsito e comércio-, e termina no Largo dos Guimarães, ponto de Santa Teresa cheio de restaurantes e lojas de artesanato.

    O entorno, dizem moradores, carece de policiamento. "Essa é uma região pouco explorada da Lapa, não fica tão perto dos Arcos, merecia uma revitalização. É também por isso que queremos transformar isto aqui num ponto de cultura", afirma Cazé.

    Como curador dos muros da ladeira, ele quer usar o espaço para exibir o trabalho de grafiteiros que ele considera talentosos, mas que ainda são pouco conhecidos.

    Já deixaram suas marcas na ladeira os artistas Memi, Tarm, Criz, Marcelo Eco, Aiog, Efixis, Cast, Snc e 8-bitch project, além do próprio Cazé.

    Também quer que haja diversidade entre os trabalhos. "A ideia é fazer todo tipo de arte que tenha o muro como suporte", diz. Por ora, saem do padrão grafite, por exemplo, ondas do mar feitas de crochê, criação da artista Dolorez Crochez, e os lambe-lambes de Franey Nogueira. Logo haverá também obras de azulejo, diz Cazé.

    A Olimpíada que se aproxima o estimulou a começar a galeria. "É uma oportunidade de mostrar nosso trabalho para o mundo. O brasileiro não valoriza o feito nacional. Às vezes é preciso ser reconhecido lá fora para ganhar a atenção das pessoas aqui."

    Há iniciativas parecidas em outras cidades. A mais conhecida delas é a East Side Gallery (galeria do lado leste, em inglês), em Berlim, no lado leste do muro que dividiu a capital alemã entre socialismo e capitalismo. Em São Paulo existe o Museu Aberto de Arte Urbana, no bairro de Santana, na zona norte.

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