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    Rio de Janeiro

    Negros e pardos são 77% dos mortos pela polícia do Rio em 2015

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    23/02/2016 21h57

    Das 644 pessoas mortas em confrontos com a polícia no Estado do Rio em 2015, 497 (77,2%) eram negras ou pardas.

    O detalhamento desses e de todos os dados referentes a mortes violentas no Estado passaram a ser divulgadas nesta terça (23) pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), subordinado à Secretaria da Segurança do Rio.

    A partir de agora, além das estatísticas dos índices de criminalidade, será possível obter informações sobre as vítimas da chamada letalidade violenta, que é a classificação dada pela secretaria para os homicídios, autos de resistência (mortes em confronto com policial), lesão corporal seguida de morte e latrocínio (roubo seguido de morte).

    No ano passado, 307 pessoas morreram na capital em confrontos com a polícia. Em 2014, foram 247 vítimas.

    "Optamos por começar com a letalidade por ser um índice importante, já que trata da vida das pessoas", afirmou Joana Monteiro, presidente do ISP. A medida é vista dentro da pasta da Segurança como uma ação de transparência.

    Um programa foi desenvolvido para que o público possa ver onde as mortes aconteceram, identificar sexo, cor e idade das vítimas, além da hora em que os crimes aconteceram; apenas os nomes serão preservados. A ferramenta está disponível no site www.isp.rj.gov.br.

    Os dados disponíveis referem-se aos anos de 2014 e 2015. O ISP pretende dar acesso a toda a série histórica de mortes violentas no Estado do Rio, mas ainda não há um prazo para a tabulação de todos os índices detalhados.

    FALTAM DADOS

    Apesar do inédito nível de detalhamento dos dados, o sistema ainda tem buracos. Por exemplo, no caso de autos de resistência –classificados no site como "morte decorrente de intervenção policial"– 68% das vítimas em 2015 e 40% delas em 2014 não tinham suas idades informadas, uma vez que não portavam documentos no momento em que morrem.

    O ISP informou, através de sua assessoria, que os dados liberados vêm dos registros de ocorrência feitos pelos policiais militares nas delegacias –ou seja, em termos de investigação, ainda na fase de coleta de dados. Isso significa que as informações não são necessariamente as mesmas que constarão na apuração do caso pela Polícia Civil.

    No ano passado, o Estado do Rio registrou uma taxa de 25,4 mil homicídios por 100 mil habitantes –mais do que o dobro de São Paulo. Mas o governo fluminense calcula a taxa pelo número de vítimas, e não por registro, como faz o governo paulista.

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