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    mosquito aedes aegypti

    Em debate na Folha, especialistas divergem sobre aborto em caso de zika

    DE SÃO PAULO

    04/03/2016 12h31

    Diego Padgurschi/Folhapress
    A repórter Cláudia Collucci (centro) conduz debate com Janaina Paschoal, Thomaz Gollop, Ana Rita Souza Prata e Lenise Garcia
    A repórter Cláudia Collucci (centro) conduz debate com especialistas

    A permissão do direito de aborto em casos envolvendo má-formação fetal provavelmente por causa do vírus da zika esteve no centro do debate promovido pela Folha nesta quinta-feira (3).

    A favor da liberação, o ginecologista e obstetra Thomaz Gollop, professor livre-docente de genética da USP, defende a posição de que a decisão pelo aborto cabe exclusivamente aos pais da criança em gestação.

    "Qual é o Estado que vai me obrigar a ter um filho potencialmente deficiente?", indaga o especialista.

    Durante o debate, mediado pela repórter especial da Folha Cláudia Collucci, Gollop afirmou que, por causa da zika, o país está vivendo "um grave problema de saúde pública" que poderá causar uma tragédia nacional.

    Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

    O especialista faz parte de um grupo de pesquisadores que estuda enviar uma ação ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que se crie jurisprudência a favor do aborto envolvendo a zika.

    A intenção é totalmente rechaçada pela bióloga Lenise Garcia, presidente do Movimento Brasil sem Aborto.

    Para ela, como ainda não existem estudos que mostrem a incidência da má-formação fetal causada pelo vírus da zika, uma eventual permissão vai funcionar como um ato contra a vida.

    "Muitas crianças absolutamente normais serão abortadas pela suposição de que teriam microcefalia."

    Garcia diz preferir viver em uma sociedade que valoriza não só a vida, mas também as pessoas com deficiência.

    "O aborto nunca é uma solução para a mulher. Ela tira o feto do útero, mas não o tira do coração ou da mente."

    Para Ana Rita Souza Prata, defensora pública e coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, a questão envolvendo a zika é mais um argumento para a descriminalização do aborto no país.

    Janaina Paschoal, advogada e professora de direito penal na USP, teme que o debate sobre aborto e zika seja "assodado". "Tenho várias dúvidas sobre autorizar ou não. Flexibilizar o valor da vida é perigoso. Vamos olhar [para a questão] com cautela."

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