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    Ciclistas 'driblam' bueiros e poças de água em ciclovias de Haddad

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    06/03/2016 02h00

    Buracos no chão, bueiros, desníveis, acúmulo de água e árvores sem poda.

    A Folha percorreu ciclovias da capital na última semana e encontrou armadilhas para os ciclistas que vão de falta de manutenção a falhas na implantação da via.

    Ciclistas elogiam a expansão de vias para bikes, mas cobram do prefeito Fernando Haddad (PT) mais cuidado com a infraestrutura criada. Dos 381 km de trechos existentes, a atual gestão inaugurou 284,4 km (ou 75%).

    Desde o ano passado, houve ao menos três relatos de pessoas que pedalavam e tiveram fraturas devido a obstáculos como fendas e oscilações no piso da via.

    O último caso aconteceu no dia 31 de janeiro, quando a roda de uma bicicleta ficou presa na fenda de um bueiro na ciclovia da avenida Pacaembu –que foi construída pela iniciativa privada como contrapartida de um empreendimento imobiliário.

    A gerente de e-commerce Lilian Frazão, 45, foi arremessada contra o chão. Ela teve fraturas na mandíbula e no braço e teve de se afastar do trabalho. "Dá a impressão que a tinta foi passada em cima das imperfeições do caminho. Se havia um buraco, ele ficou. Se havia uma árvore invadindo o caminho, ela ficou", conta.

    Ela pretende processar a prefeitura. "A roda da minha bike que entrou no vão era do mesmo tamanho que a de uma bicicleta infantil. Já pensou se uma criança cai ali?"

    RISCO

    O risco de acidentes graves causado por falhas de manutenção aumenta em declives e em áreas com pouca iluminação. É o caso de trechos da ciclovia da rua Vergueiro, na Liberdade (centro). Ali, árvores sem poda obrigam os ciclistas a se esquivarem.

    "É um perigo isso aí, já aconteceu até acidente", diz Franklin Roberto, 31, que faz entregas de bicicleta.

    Na Luz, no centro, há poças de água permanentes e buracos. "Tá uma bagunça. Prefiro ir junto com os carros, porque a pista tem menos buracos e não corro risco de cair", diz o entregador Luís Carlos Pereira dos Santos, 51.

    Íngreme, a ciclovia da Consolação tem no sentido centro desníveis causados pelas aberturas para captação de águas pluviais, que acabam camuflados pela tinta.

    Para o diretor da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de SP), Daniel Guth, a manutenção é o grande gargalo da estrutura da cidade, já que envolve o trabalho de várias secretarias.

    "Quando você cria uma via exclusiva, está dizendo para as pessoas que oferta infraestrutura de conforto, segurança e tranquilidade para se deslocar. Então, a falha de manutenção ou esses problemas pontuais depõem contra essa mensagem", diz.

    OUTRO LADO

    Em nota, a prefeitura afirmou que "vem trabalhando de forma integrada a fim de promover a manutenção das ciclovias e ciclofaixas".

    A administração diz que realizará vistoria nos locais indicados pela reportagem e fará os reparos necessários.

    No caso da rua da Consolação, a gestão afirmou que já trocou as grades das aberturas de captação de águas pluviais. Na rua Mauá, na Luz, uma nova pintura está sendo avaliada.

    A gestão afirmou que as obras da ciclovia Pacaembu, onde Lilian se acidentou, foram realizadas pela Think Construtora. Na época do acidente, a construtora afirmou que "a conclusão e entrega da obra pela empresa contratada já foi vistoriada e aceita pelos órgãos competentes".

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