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    mosquito aedes aegypti

    Transmissão da zika por via sexual pode ser mais comum, indica OMS

    CÍNTIA CARDOSO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM GENEBRA

    08/03/2016 16h49

    A transmissão do vírus da zika por meio de relações sexuais é mais "comum do que o estimado anteriormente", afirmou nesta terça-feira (8) a diretora da OMS (Organização Mundial de Saúde), Margaret Chan.

    A declaração, segundo ela, se baseia em indicações fortes de "estudos e investigações de diversos países". Chan falou após o primeiro dia da reunião do Comitê de Emergência para o vírus da zika. A primeira reunião do grupo de especialistas havia sido realizada no dia 1° de fevereiro deste ano.

    Os Estados Unidos, em fevereiro, anunciaram investigar 14 casos de mulheres infectadas com zika após manter relações com parceiros que haviam viajado para regiões endêmicas.

    A diretora da OMS (Organização Mundial de Saúde) vê ainda com preocupação o aumento no número de casos de contaminação pelo vírus da zika e com o aumento das evidências da relação entre o vírus, má-formação fetal e problemas neurológicos.

    "Casos de zika foram relatados em todas as regiões do mundo. (...) Foram encontrados traços do vírus no líquido amniótico. Evidências apontam que o vírus pode atravessar a placenta e infectar o feto. Podemos concluir que esse vírus é neurotrópico [relativo ao sistema nervoso], atingindo preferencialmente tecidos do cérebro e do tronco encefálico do feto", disse Chan.

    Durante a entrevista coletiva ao término da reunião com especialistas, tanto Chan quanto David Heymann, presidente do comitê, procuraram manter o tom de cautela. Ambos disseram, porém, que a situação do vírus é "alarmante".

    A OMS mantém a recomendação de aconselhar as mulheres grávidas a evitarem áreas de foco da epidemia. Questionado se gestantes deveriam evitar viagens ao Brasil, Heymann enfatizou que "todos países" devem orientar os turistas e a população sobre os riscos e sobre as zonas de epidemia. "Com base nessas informações, grávidas devem decidir sozinhas se pretendem [viajar para o Brasil] ou não", afirmou.

    O mesmo conselho, diz a OMS, vale para a decisão sobre engravidar em áreas de alta incidência de contaminação pelo vírus da zika.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Clique na foto e veja o especial sobre o vírus da zika e microcefalia
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    PROVA DEFINITIVA

    De acordo com Margaret Chan, o comitê de especialistas ressaltou que existe uma "forte evidência" entre a contaminação pelo vírus da zika e problemas neurológicos, mas ainda não há uma "prova definitiva".

    Atualmente, casos de microcefalia associados ao vírus da zika foram registrados apenas no Brasil e na Polinésia Francesa. Mas, segundo a OMS, "um monitoramento intensivo" tem sido feito em vários países, como a Colômbia. "A situação que vemos no Brasil hoje poderá acontecer nos próximos meses na Colômbia. Isso é alarmante."

    O grupo de especialistas reunido pela OMS deverá se encontrar dentro de três meses e a expectativa é que, até a data, novos estudos tragam dados mais conclusivos sobre a associação entre a zika e a microcefalia, por exemplo. Heymann afirmou que é muito difícil ter uma confirmação da relação de causa e efeito nesse intervalo.

    A OMS afirma, no entanto, que "ações de saúde pública não devem esperar pela prova científica definitiva".

    Quanto ao desenvolvimento de uma vacina contra a zika, na avaliação da diretora da OMS, "muito trabalho tem sido feito", mas ela salientou que essa solução não será a curto prazo e que os primeiros testes clínicos podem levar um ano para serem iniciados.

    OUTROS PROBLEMAS

    A OMS afirmou que os problemas desencadeados pela infecção pelo vírus da zika não se limitam às mulheres em idade reprodutiva. "A síndrome de Guillain-Barré foi detectada em crianças e adolescentes embora seja mais comum em adultos mais velhos, especialmente homens", afirmou Chan.

    Na Polinésia Francesa, casos da síndrome de Guillain-Barré associada à zika foram notificados, mas não houve registro de morte. A maioria desses pacientes, porém, foi submetida a cuidados intensivos por uma média de 50 dias.

    Na França, o CNRS (Centro Nacional de Pesquisas Científicas) divulgou nesta terça-feira (8) o primeiro caso de mielite aguda causada pelo vírus da zika.

    Pesquisadores ligados ao centro e a outros órgãos de pesquisa franceses informaram que uma paciente de 15 anos "em fase aguda de infecção pela zika" foi internada em Guadalupe [departamento francês do Caribe] com problemas motores nos quatro membros, dores intensas e retenção de urina".

    A presença do vírus foi confirmada no sangue, na urina e no líquido cefalorraquidiano da jovem. O caso não foi abordado pela OMS.

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