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    Em Mairiporã, famílias buscam soterrados em cenário de destruição

    GIBA BERGAMIM JR.
    RAFAEL BALAGO
    RAFAEL ANDERY
    FERNANDA PEREIRA NEVES
    DE SÃO PAULO

    11/03/2016 14h27

    Folhapress
    Familiares buscam parentes soterrados em bairro devastado O bairro Parque Náutico é uma encosta próxima à rodovia Fernão Dias. Por onde se caminha na rua Tahira Eik, a principal do bairro, o cenário é de destruição. Montes de terra se espalham pelas ruas. Nela, moradores aguardam notícias de parentes sumidos.
    Rua Tahira Eik, a principal do bairro Parque Náutico, em Mairiporã (Grande São Paulo)

    O bairro Parque Náutico, em Mairiporã, é uma encosta próxima à rodovia Fernão Dias.

    Por onde se caminha na rua Tahira Eik, a principal do bairro, o cenário é de destruição. Montes de terra se espalham pelas ruas. Nelas, moradores aguardam notícias de parentes sumidos.

    "Durante a madrugada, todo mundo começou a sair das casas", disse Telma de Oliveira, 38. "A terra veio abaixo no bairro todo", disse ela.

    Há 18 mortes confirmadas, 16 delas na Grande São Paulo e duas no interior em razão das chuvas.

    O pedreiro Sergio Antonio da Silva, 35, tem três familiares entre os desaparecidos. "Minha cunhada, Fabiana da Costa, 28, e as minhas duas sobrinhas, Ana Luiza, 8, e Ana Laura, 11 meses sumiram", disse.

    Ele é irmão de Jeferson Donizete Freitas Silva, 38, que ficou ferido na cabeça. "Levou 18 pontos", disse. Segundo Sérgio, eles tinham acabado de jantar quando ouviram um barulho forte. Jeferson achou que era um caminhão que havia batido na rua.

    "Ele colocou a mão na maçaneta e veio tudo abaixo. Na verdade, era terra deslizando com escombros das outras casas atingidas", disse. Rodrigo Carvalho, 26, escapou por pouco de não morrer soterrado.

    Ele mora sozinho em uma das casas atingidas pelo deslizamento em Mairiporã e na quinta-feira (10), ficou preso em uma enchente no centro da cidade; então, teve que levar o carro a uma oficina e chegou mais tarde em casa. Ao chegar, a rua estava interditada e a casa tomada pela lama. "Perdi tudo. Só consegui salvar alguns documentos."

    No começo da noite, a Prefeitura de Mairiporã decretou situação de emergência nas áreas atingidas.

    Também na cidade, mais moradores relatam dificuldades. "Teve um deslizamento bem do lado da minha casa e da escola em que trabalho. Uma casa da rua ficou com a entrada totalmente bloqueada. É muita lama e árvore na rua. As casas não estão interditadas, mas na escola não pode entrar nem funcionário nem aluno", conta Daniela Arana Xavier, 31, ajudante geral da escola municipal Cristiane Silva Costa, no Jardim Pinheiral, em Mairiporã.

    Em Caieiras, também na Grande São Paulo, a praça em frente a estação de trem permanece alagada, com carros submersos. A cadela Margarida perdeu filhotes e foi resgatada de um abrigo por moradores.

    Como acontecem os deslizamentos

    BARRANCO

    Na rua Irã, em Francisco Morato, a queda de um barranco matou o tapeceiro José Aparecido Mandu, 51. Duas pessoas estão desaparecidas: a mulher, Irineuza (idade não informada), e seu filho Walisson, 23.

    Eles estavam em casa quando foram soterrados por um barranco que cedeu, na madrugada desta sexta (11).

    O segundo filho do casal, Wallace, 20, se salvou porque trabalhava à noite e não voltou para casa a tempo, segundo familiares que acompanham as buscas. O resgate por outras vítimas continua.

    Chuva em SP

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