Filho de um dos fundadores da escola de samba amapaense Boêmios do Laguinho, Agnaldo dos Santos Silva, desde pequeno, frequentava ensaios e tocava percussão. Seu dom nos vocais, porém, ficou desconhecido por algum tempo e acabou descoberto apenas durante uma brincadeira na quadra da agremiação.
A música era uma tradição na família de Macunaíma, apelido de Agnaldo. "Nossos avós eram analfabetos e descendentes de escravos e, mesmo sem nunca sentarem no banco da escola, sabiam fazer uma melodia. O pai do Macunaíma também compunha. E nós pudemos lapidar o dom", diz o irmão Adelson.
Nascido em Macapá, o jovem cresceu com nove irmãos e teve que alternar os estudos com a ajuda aos pais na roça. Plantou de tudo: mandioca, cana, entre outros. Perdeu a mãe cedo, mas a família continuou unida, inclusive em torno da música, que logo se tornou profissão.
Macunaíma tocava e compunha, influenciado por samba, batuque, marabaixo e ritmos caribenhos. Apresentava-se no mercado central, puxava a missa dos Quilombos, participou de bandas, dedicando-se também à Boêmios.
Apesar do nome de sua escola, era caseiro. Gostava de ficar com a família e do churrasquinho com cerveja.
Soube que estava doente em dezembro, o que levou à mobilização de amigos, movimentos culturais, taxistas e igrejas em campanhas para ajudá-lo no tratamento. "Foi uma demonstração enorme de amizade", diz o irmão.
Morreu no dia 28, aos 41, após lutar contra um câncer. Deixa o pai, mulher, oito irmãos, oito filhos e uma neta.
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